Belo Horizonte (RV) - O Papa Bento XVI, com a tradicional mensagem para o Dia
Mundial da Paz, aposta em um convite que é quase uma advertência, ao referir-se ao
empenho na educação dos jovens para a justiça e a paz. Essa mensagem alarga o horizonte
que a Igreja Católica abraça, convocando os segmentos todos da sociedade para um efetivo
empenho na preparação para a Jornada Mundial da Juventude, em 2013, no Rio de Janeiro.
Trata-se
de verdadeiro resgate e aprofundamento da convicção de que os jovens, com seu entusiasmo
e idealismo, podem oferecer uma nova esperança ao mundo. O Papa se dirige especialmente
aos jovens quando diz que “não são as ideologias que salvam o mundo, mas unicamente
o voltar-se para o Deus vivo, o nosso criador, que assegura a nossa liberdade, garante
o que é deveras bom e verdadeiro; é o voltar-se sem reservas para Deus, a medida do
que é justo e, ao mesmo tempo, é o amor eterno. E que mais nos poderia salvar senão
o amor ?”
A nova esperança para fecundar o caminho de nosso mundo depende essencialmente
do amor como força que formata mentes e corações, além de fortalecer na convicção
de que é preciso tornar-se capaz de comprometimentos radicais e duradouros pela verdade,
pela justiça e pela paz. Só o amor rejubila-se com a verdade, educa a inteligência
e o coração humanos para a justiça e a paz.
O Papa Bento XVI convoca famílias,
instituições educativas e todas as que atuam nos meios de comunicação, na vida social,
política, econômica, cultural e religiosa a prestar atenção ao mundo juvenil. Chama
a atenção sobre a necessidade da capacitação permanente para o saber escutar e valorizar
os jovens na construção de um futuro de paz e de justiça. Sublinha que esta não é
apenas uma oportunidade, mas um dever primário da sociedade. O tom da mensagem, ao
final, quando fala aos jovens, baliza o que deve emoldurar o coração dos educadores
todos e indica a superação de preconceitos, distâncias e modos inadequados de entendimento.
O
Papa diz: “Queridos jovens, vós sois um dom precioso para a sociedade. Diante das
dificuldades, não vos deixeis invadir pelo desânimo nem vos abandoneis a falsas soluções,
que frequentemente se apresentam como caminho mais fácil para superar os problemas.
Não tenhais medo de vos empenhar, de enfrentar a fadiga e o sacrifício, de optar por
caminhos que requerem fidelidade, humildade e dedicação”. Este apelo-convite aos jovens
se torna indicador pedagógico para pais, educadores todos e responsáveis por âmbitos
diferentes.
É um apelo aos jovens que deve ser transformado em meta para os
educadores. Nesta perspectiva, os jovens se tornam exemplo e estímulo para os adultos.
O Papa continua dizendo: “Vivei com confiança a vossa juventude e os anseios profundos
que sentis de felicidade, verdade, beleza e amor verdadeiro. Vivei intensamente essa
fase da vida, tão rica e cheia de entusiasmo”. Compreende-se que a educação da juventude
para a justiça e a paz, como nova esperança ao mundo, é uma labuta em que a vitória
se torna um ganho duplo. Ganham os jovens ao se esforçarem na luta pela superação
das injustiças e da corrupção, com incisiva colaboração na construção de um futuro
melhor. Ganham os educadores que ensinam e, ao mesmo tempo, são aprendizes em razão
da grandiosidade da causa da paz, incluindo exercícios fundamentais de diálogo, solidariedade,
generosidade e partilha, garantia de modulação verdadeira do próprio coração e da
vida.
A educação dos jovens para a justiça e a paz é um projeto adequado para
o enfrentamento, diz o Papa Bento XVI, de uma escuridão que desce sobre a sociedade,
impedindo-a de ver a clareza do dia, quando frustrações, por causa da crise, afetam
o mundo do trabalho, da economia. Pensar a educação dos jovens é compreender que o
enfrentamento da crise econômica não é uma simples questão de acerto de números e
do funcionamento dos mercados. Olhar os jovens e o percurso educativo - um direito
básico deles - ajuda a compreender que a crise que aflige a sociedade tem raízes culturais
e antropológicas.
Por isto mesmo é prioritário tratar a questão dos valores
e alavancar apreço à moralidade, sobretudo, junto aos jovens. Transmitir a eles o
valor positivo da vida e neles suscitar o desejo de se comprometerem no serviço do
Bem, uma missão de todos.
Tarefa que merece agora uma redobrada atenção, empenhos
e investimentos, pensando especialmente nos mais pobres, cuidando de sua formação
de maneira profunda, contribuindo para fazer do jovem uma nova esperança ao mundo.
Dom
Walmor Oliveira de Azevedo Arcebispo metropolitano de Belo Horizonte