Existe o direito humano a um meio ambiente saudável? Leia a reportagem
Cidade do Vaticano (RV) - "Para que as vítimas dos desastres naturais recebam
o conforto espiritual e material necessário para reconstruir a sua vida": esta é a
Intenção Geral neste mês de janeiro proposta pelo Apostolado da Oração.
Como
no ano passado, em janeiro a região sudeste do país está sofrendo novamente com intensas
chuvas, que deixaram pelo menos 13 mortos e milhares de desalojados em Minas Gerais,
Espírito Santo e Rio de Janeiro. Só em Minas, 53 cidades já decretaram situação de
emergência. No Rio mais de 3 mil moradores estão desalojados e o número total de deslizamentos
chegou a 367.
Mas viver num ambiente saudável, equilibrado, constitui um direito
humano? Foi o que nós perguntamos ao Reitor do Seminário de Teresina, no Piauí, Pe.
Wellistony Carvalho Viana, especialista em Direitos Humanos: "A própria história
dos Direitos Humanos classifica esses direitos. Existem os chamados direitos de primeira
geração, que seriam os direitos de liberdade, as liberdades clássicas. No Piauí, nós
temos ainda no sul do Estado problemas em relação à escravidão de pessoas. Algumas
empresas, alguns grupos praticam uma forma de trabalho quase escravo. Depois, existem
os chamados de segunda geração, direitos à igualdade, que constituiriam esses direitos
econômicos, sociais e culturais, que é o problema próprio do Piauí, da pouca participação
econômica de muitos. Existe uma pobreza extrema, existe ainda uma grande insegurança
alimentar, e esses problemas claro são agressões direitas aos Direitos Humanos. E
os chamados direitos de terceira geração, chamados direitos de fraternidade, que estariam
ligados ao meio ambiente equilibrado, a uma saudável qualidade de vida, ao progresso,
à paz, e esses direitos também são agredidos em nosso Estado. Lembro que esse direito
ao meio ambiente, que as pessoas têm que ter, é fortemente agredido no sul do Estado,
com uma empresa chamada "JB Carbon", que por dia tira onze caminhões de carvão daquela
região. Há toda uma discussão de uma área muito grande que está sendo desmatada no
sul do Piauí, é o último cerrado que nós temos, e essa empresa desmata essa área,
até mesmo com a participação política do Estado – o Estado às vezes se torna cúmplice
desse tipo de agressão à natureza." (BF)