Manaus
(RV) - A Arquidiocese de Manaus apresentou na última semana aos fiéis uma imagem
de Nossa Senhora e do menino Jesus com traços indígenas. Chamada Nossa Senhora
da Amazônia, a imagem foi feita pela designer Lara Denys, 23 anos, vencedora do concurso
promovido pela arquidiocese para retratar a santa com "características da cultura
da região amazônica".
Na imagem, Nossa Senhora e Jesus têm cabelos e olhos
pretos e pele parda. O manto do menino está preso ao corpo dela do mesmo modo em que
as índias carregam seus filhos.
Segundo o coordenador do concurso, Padre Reneu
Stefanello, será construída a sua estátua no santuário, com forma de canoa, que está
sendo erguido em Manaus. “Ela tem os traços da feminilidade da mulher amazonense,
da mulher indígena, trazendo no colo um Jesus curumim” - afirma ele.
A RV conversou
com o arcebispo de Manaus, Dom Luiz Soares Vieira, sobre a presença da Igreja Católica
na região amazônica, onde as seitas pentecostais têm grande penetração.
“Nós
temos a presença forte da Igreja Católica em algumas populações indígenas. Em Roraima,
por exemplo, a Igreja está presente em praticamente em todos os povos indígenas. Aqui
no Amazonas, temos a presença dos Salesianos no Alto Rio Negro, que é a região mais
indígena do nosso estado, e no Alto Solimões, estão os capuchinhos. Então, realmente
procuramos estar presentes com os caboclos, ribeirinhos, habitantes da floresta. Temos
um trabalho de comunidades espalhadas por toda a região. É um trabalho complicado
pelo fato de que as distâncias são enormes e são percorridas com barcos, mas estamos
lutando realmente para que nosso povo preserve a sua fé e viva sua fé, e possamos
construir um mundo como Deus deseja. Cidades como Manaus, Belém, e Porto Velho, muito
grandes, têm seus problemas, com suas periferias e tudo mais. Nelas também se faz
um trabalho grande e temos tido, Graças a Deus, o apoio de outras dioceses do Brasil.
Tenho recebido muita ajuda de pessoal tanto religiosos como padres também. Vamos,
então, construindo o Reino de Deus, que é o mais importante”.
Dom Luiz
explica também o porquê de Igreja ter querido uma Nossa Senhora com traços tão locais.
“É
uma imagem muito nossa, que segue o esquema. Tempos, por exemplo na África, várias
representações de Nossa Senhora como uma africana. No Japão, a mesma coisa, na Índia
também. Então, é um pouco o aspecto da inculturação da fé, quer dizer, ver a fé através
dos olhos culturais do povo”.