Rio de Janeiro (RV) - A Igreja do Rio de Janeiro caminha para ter seus próprios
santos. A vida e as virtudes cristãs dos cinco primeiros candidatos já estão sendo
pesquisadas. Eles contemplam segmentos diferentes no contexto social e eclesial: um
casal, uma princesa, uma religiosa, um seminarista e uma adolescente.
Apesar
das diferenças de tempo, idade e estado de vida, todos foram chamados à mesma dimensão
da vocação comum à santidade.
Uma das mais conhecidas, já venerada pelo povo,
é Zélia Pedreira de Castro Abreu Magalhães, uma esposa, mãe e religiosa que direciona
tudo e a todos a Deus. Falecida com fama de santidade, seus restos mortais encontram-se
na Igreja Nossa Senhora de Copacabana.
A pesquisa histórica sobre Zélia e seu
esposo, Jerônimo de Castro Abreu Magalhães, está sendo feita por uma comissão arquidiocesana,
instalada no dia 23 de dezembro pelo arcebispo Dom Orani João Tempesta. Realizada
no Palácio São Joaquim, na Glória, a posse canônica contou com a presença do postulador
italiano Paolo Vilotta, da Congregação para a Causa dos Santos.
Recordando
a afirmação do Papa João Paulo II, em uma de suas visitas ao país, de que o “Brasil
precisa de santos, muitos santos”, Dom Orani manifestou sua alegria pela instalação
da comissão, agradecendo a todos os envolvidos pelo empenho em assegurar e trabalhar
por todas as etapas, do “nihil obstat” de Roma até a conclusão dos processos.
“O
exemplo dos santos fortalece a Igreja e contribui na sua ação evangelizadora, que
tem como missão o anúncio de Jesus Cristo. Agradeço a Deus pelas inúmeras pessoas,
que aos poucos vamos tomando conhecimento, que morreram em fama de santidade em nossa
arquidiocese. São pessoas próximas, que viveram entre nós, e agora são cogitadas a
serem reconhecidas pela Igreja. Os candidatos que temos demonstram que a vida de santidade
é possível para todos” - afirmou o arcebispo.
A princípio, a pesquisa seria
direcionada somente à Zélia (1857-1919), que depois de consagrar os seus nove filhos
a Deus no sacerdócio e na vida religiosa e com a morte de seu esposo, terminou também
os seus dias como professa na Congregação das Servas do Santíssimo Sacramento (Sacramentinas),
adotando o nome de irmã Maria do Santíssimo Sacramento.
“Fizemos opção pelo
processo da Zélia e do Jerônimo, já que ambos tinham uma vida santa no tempo em que
viveram. A arquidiocese tem interesse em apresentar o casal, que nasceu no Estado
do Rio de Janeiro, e que pode ser um referencial de valores para a sociedade hodierna”
- disse o vigário episcopal para a Vida Consagrada na arquidiocese, o beneditino Dom
Roberto Lopes, responsável por acompanhar as pesquisas e as etapas dos processos dos
candidatos.
Além dos nossos conhecidos santos: Frei Galvão e Madre Paulina,
existem no Brasil mais de 70 processos em curso para beatificação ou canonização.
O postulador Paolo Vilotta está cuidando de 25 casos, entre os quais os dos Padres
Albino, Victor, Donizetti e Manuel Gonzalez, as religiosas Maria Teodora Voiron, Benigna
e Dulce da Bahia, as leigas Nhá Chica e Albertina e um bispo, Dom José Antônio do
Couto, de Taubaté (SP).
“Não havia na Igreja do Brasil a exigência por santos
nativos, já que eram importados da Europa. A partir do Papa João Paulo II, a Igreja
em todo o mundo e, principalmente no Brasil, tem trabalhado com mais afinco para elevar
homens e mulheres com fama de santidade até aos altares. Esperamos que nosso trabalho
possa ter bons resultados, e assegurar novos santos brasileiros” - disse o postulador. (CM)