Roma (RV)
- O almoço de Natal com os pobres é uma tradição da Comunidade de Santo Egídio
desde que em 1982, um pequeno grupo de pessoas pobres foi acolhido à mesa da festa
da Basílica de Santa Maria in Trastevere. Eram cerca de 20 convidados: alguns eram
pobres do bairro, amigos da Comunidade que iriam ficar sozinhos naquele dia, e pessoas
sem casa que simplesmente vagavam pelas ruas da capital.
Passaram-se quase
30 anos daquele primeiro almoço: desde então, a mesa tem aumentado e de Trastevere,
alargou-se a várias partes do mundo onde a Comunidade está presente. Em Roma, este
ano, o almoço reuniu, na antiga Basílica e em igrejas das vizinhanças, mais de 2 mil
pessoas carentes, servidas por membros e amigos da Comunidade.
Dentre os ‘garçons’
dos pobres, estava o Orientador Espiritual do Colégio Pio Brasileiro de Roma, o jesuíta
Padre Paulo Lisboa. Ele conta como surgiu sua ideia de participar e a sensação vivida
nesta experiência:
“Eu queria de fato conhecer mais de perto esta iniciativa,
então me ofereci para estar presente. Entrei também dentro da metodologia deles, de
sua dinâmica. Em cada mesa, há dois serventes, escolhidos seja dentre pessoas da própria
Comunidade seja de pessoas como eu, que vão lá para conhecer melhor por dentro a experiência.
Posso dizer assim muito resumidamente que me fez um bem muito grande, tanto que provocou
em mim este poemazinho que escrevi, não só sobre o evento ‘Ceia de Natal dos Pobres’,
mas também com menção de algo que para mim sempre me impressionava: que Dom Hélder
Câmara, nosso grande profeta, sonhou que seria tão bonito se um dia os pobres de Roma
estivessem justamente nesta Basílica, de Nossa Senhora de Trastevere. Isso hoje é
realizado”.
“Para mim, a sensação foi de estar como Jesus mesmo falara, na
Ceia, segundo João, ao lavar os pés de seus discípulos. Então, esta sensação de estar
servindo, o serviço puro de caridade, às pessoas bem carentes e esquecidas, não só
aqui de Roma, mas de todas as partes. Era realmente uma alegria muito grande que passava
de uns para os outros neste ambiente natalino”.
Publicamos o poema escrito
por Pe. Lisboa após a experiência de servir à mesa do Natal dos Pobres em Roma: (CM)
NATAL
INOLVIDÁVEL
Foi dia de Natal especial: surpresas atraindo o coração que
pulsa deixando a solidão, e se abre pra o canto celestial.
Solene Missa,
toda de cores, Vigília do que seria o "Dia" desejo meu,
de muita alegria, bem próprio pra celebrar amores
Um canto novo mais do
que o de Anjos, entoa o que está pra acontecer, louvor que antecipou a Flor
ser, partilha que se deu sem arranjos.
Primeiro, trazer a própria história na
História de Jesus que nasceu, qual bela Flor que não feneceu, mas veio enfeitar
o que era inglória.
Seguiu-se a hora do inolvidável, ao ver o sonho que
era uma meta, do Bispo dos pobres, bem profeta:
"Virá um "kairós"que será louvável!"
O que era sonho é agora visão. Na Casa da Mãe acolhedora, a causa do pobre
é vencedora: Jesus quer ser sempre o grande Irmão!