Abuja (RV) - A Nigéria tem falta de líderes competentes para tratar de seus
problemas de segurança, disse um ex-governante militar nesta segunda-feira, após os
ataques a bomba no dia de Natal contra igrejas, lançados por militantes islâmicos,
que deixaram mais de duas dezenas de mortos. Muhammadu Buhari, um nortista que perdeu
a última eleição presidencial, em abril, para o presidente Goodluck Jonathan, disse
em um comunicado publicado em um jornal nigeriano que a resposta do governo às bombas
foi lenta e indiferente.
A seita islâmica Boko Haram, que quer impor a Charia
(lei islâmica) no país mais populoso da África, assumiu a responsabilidade pelos três
ataques a bomba nas igrejas, o segundo Natal consecutivo que causa derramamento de
sangue em templos cristãos. As forças de segurança também culparam a seita por duas
explosões no norte, e cresce o medo de que a Boko Haram esteja tentando iniciar uma
guerra civil sectária em um país dividido entre cristãos e muçulmanos, que em sua
maioria convivem em paz.
“Como é possível que o Vaticano e as autoridades
britânicas tenham falado sobre os ataques dentro da Nigéria que provocaram as mortes
de nossos cidadãos antes mesmo do governo nigeriano?”, disse Buhari no comunicado.
“Essa é uma falha clara de liderança, em um momento em que o governo precisa dar ao
povo prova de sua capacidade de garantir a segurança de vidas e propriedades”, disse
Buhari. Ele disse que o governo precisava fazer mais do que gastar mais em segurança
para lidar com o problema.
Jonathan, um cristão do sul que vem tentando conter
a ameaça da militância islâmica, descreveu os ataques como “infelizes”, mas disse
que a Boko Haram não “estará aqui para sempre”. “Vai acabar um dia”, afirmou.
A
Boko Haram - que na língua Hausa falada no norte da Nigéria significa “educação ocidental
é pecaminosa” – inspira-se no movimento Taliban do Afeganistão. Sua insurgência costumava
ficar confinada ao nordeste da Nigéria, mas atingiu várias partes do norte, centro
e de Abuja este ano. (SP)