2011-12-27 11:00:46

Nigéria: Igreja vai continuar a trabalhar pela harmonia


Abuja (RV) - Líderes cristãos e muçulmanos da Nigéria pediram nesta segunda-feira o restabelecimento da ordem após a onda de atentados de extremistas islâmicos contra igrejas no Natal, enquanto o governo do país, criticado por não garantir segurança, tenta evitar um conflito religioso.

Em entrevista ao jornal "Vanguard", o sacerdote Anthony Afariogun, do Seminário Católico de Todos os Santos, afirmou: “Devemos ser muito prudentes para não estender a atual crise a um problema religioso. Se o governo federal não é capaz de controlar a situação, deverá solicitar a intervenção internacional” - acrescentou.

Vários líderes cristãos lançaram mensagens de calma e reconciliação à sociedade nigeriana, e reivindicaram ações contundentes ao governo nigeriano para pôr fim à crise.

O líder do Grupo Juvenil Católico Lekki Deanery, Francis Ogunmodede, atribuiu os atentados ao mal-estar social, e pediu uma conferência nacional na qual estejam presentes as camadas populares insatisfeitas.

A seita islâmica Boko Haram, que luta por um Estado regido pela lei Charia no norte da Nigéria, de maioria muçulmana, reivindicou a autoria dos cinco atentados a igrejas que causaram pelo menos 40 mortos no Natal.

Em declarações à Rádio Vaticano, o arcebispo de Abuja, Dom John Olorufemi Onayekan, pediu ao governo da Nigéria que defenda os cristãos, e afirmou que os atentados não interromperão o diálogo e a reconciliação com os muçulmanos.

O arcebispo reconheceu, no entanto, que muitos jovens católicos estão furiosos e expressou seu temor de que episódios como estes despertem tensões e ódio recíproco entre cristãos e muçulmanos:

“Tentamos acalmá-los, mas dissemos também ao governo que o único modo de tranquilizar os jovens que perderam seus irmãos e amigos é convencê-los a manter o controle da situação e identificar as ‘covas’ dos grupos terroristas da região”.

Segundo o arcebispo, a Igreja continua a propor o caminho de paz e de convivência com a comunidade muçulmana:

“É o que fazemos sempre. É o que a Igreja Católica e a Conferência Episcopal nigeriana sempre fizeram. Trabalhamos tanto para encorajar e promover a vida harmoniosa e de respeito mutuo com a comunidade islâmica. Temos que continuar a esperar que apesar destes episódios, vale a pena prosseguir no caminho do diálogo e da reconciliação”.

Nos partidos e grupos muçulmanos - fé majoritária no norte do país - também chegaram apelos pela paz após a onda de atentados.

A associação islâmica moderada Muslim Rights Concern (MURIC) divulgou um comunicado pelo jornal "Daily Truste" informando que os atentados do Natal foram “um movimento calculado de Boko Haram para iniciar uma guerra religiosa entre muçulmanos e católicos”.

“Querem criar a desconfiança mútua, o caos e o desrespeito à lei e à ordem” - acrescentou o grupo, cujo diretor, Ishaq Akintola, qualificou as explosões como “bárbaras, satânicas e contrárias ao Islã”.
(CM)








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