Bento XVI à Cúria Romana: "A Jornada Mundial da Juventude pode reanimar a fé"
Cidade do Vaticano (RV) – O Papa Bento XVI recebeu na manhã desta quinta-feira,
na Sala Clementina, os Cardeais e membros da Cúria Romana para as felicitações de
Natal.
Fazendo um balanço dos principais eventos que marcaram a vida da Igreja
neste ano de 2011, Bento XVI escolheu uma única temática que, segundo ele, expressa
o verdadeiro desafio que a Igreja é chamada a enfrentar hoje e também no futuro: a
evangelização. Como anunciar hoje o Evangelho? Como pode a fé, enquanto força viva
e vital, tornar-se realidade hoje?
Os fiéis, e não só eles, notam que as pessoas
que frequentam regularmente a Igreja se tornam sempre mais idosas e o seu número diminui
continuamente; há uma estagnação nas vocações ao sacerdócio; crescem o ceticismo e
a descrença. Como, então, reverter essa tendência?
Para o Pontífice, o cerne
da crise da Igreja na Europa é a crise da fé. Se não encontrarmos uma resposta para
esta crise, ou seja, se a fé não ganhar de novo vitalidade, tornando-se uma convicção
profunda e uma força real graças ao encontro com Jesus Cristo, permanecerão ineficazes
todas as tentativas para reanimá-la.
Neste sentido, afirmou o Papa, o encontro
com a jubilosa paixão pela fé na África foi um grande encorajamento. "Lá não se sentia
qualquer indício desta lassidão da fé, tão difusa entre nós, não havia nada deste
tédio de ser cristão que se constata sempre no meio de nós. Apesar de todos os problemas,
de todos os sofrimentos e penas que existem, sem dúvida, precisamente na África, sempre
se palpava a alegria de ser cristão, de pertencer à Igreja".
Um remédio contra
a lassidão do crer, segundo Bento XVI, foi a experiência da Jornada Mundial da Juventude,
em Madri, na Espanha, que ele definiu "magnífica". Um remédio que o Papa dividiu em
cinco "doses".
Em primeiro lugar, nesses eventos, há uma nova experiência
da catolicidade, da universalidade da Igreja. Falamos línguas diferentes e possuímos
costumes de vida diversos e formas culturais diversas; e no entanto nos sentimos imediatamente
unidos como uma grande família.
Em segundo lugar, a Jornada favorece um novo
modo de ser homem, de ser cristão, através do voluntariado. Cerca de 20 mil jovens
fizeram o bem simplesmente porque é bom fazer o bem, é bom servir os outros. "É preciso
apenas ousar o salto", afirmou o Papa.
O mesmo comportamento Bento também
encontrou na África, por exemplo nas Irmãs de Madre Teresa que se prodigalizam pelas
crianças abandonadas, doentes, pobres e atribuladas, sem se importarem consigo mesmas,
tornando-se, precisamente assim, interiormente ricas e livres. Este é o comportamento
propriamente cristão.
O terceiro elemento que faz parte das Jornadas Mundiais
da Juventude é a adoração. Em Cristo ressuscitado, está presente Deus feito homem,
que sofreu por nós porque nos ama. "Entramos nesta certeza do amor corpóreo de Deus
por nós, e fazemo-lo amando com Ele. Isto é adoração. E só assim posso celebrar convenientemente
a Eucaristia e receber devidamente o Corpo do Senhor."
Outro elemento importante
das Jornadas Mundiais da Juventude é a presença do sacramento da Penitência. Deste
modo, reconhecemos que necessitamos continuamente de perdão e que perdão significa
responsabilidade.
Por fim, outra característica das Jornadas é a alegria,
que brota da certeza de ser amado por Deus. Só a fé me dá esta certeza: É bom que
eu exista; é bom existir como pessoa humana, mesmo em tempos difíceis. A fé nos faz
felizes a partir de dentro. "Esta é uma das maravilhosas experiências das Jornadas
Mundiais da Juventude."
O Papa então se dirigiu aos seus colaboradores da Cúria:
"Queria agradecer do íntimo do coração a todos vocês pelo apoio que prestam para levar
adiante a missão que o Senhor nos confiou como testemunhas da sua verdade, e desejo
a todos vocês a alegria que Deus nos quis dar na encarnação do seu Filho. Um santo
Natal!". (BF)