Frei Cantalamessa e a evangelização do continente americano
Cidade do Vaticano, (RV) - A primeira evangelização do continente americano
foi o ponto de partida para a terceira pregação do Advento do Padre Raniero Cantalamessa,
feita nesta sexta-feira de manhã na Capela “Redemptoris Mater” no Vaticano, para o
Santo Padre e membros da Cúria Romana. “O maior evento que aconteceu em 1492 não foi
a descoberta da América por Cristovão Colombo, mas sim a América que descobriu Jesus
Cristo”, observou o religioso capuchinho.
“A um mundo sem pecado, mas sem
Jesus Cristo, a teologia mostrou preferir um mundo com o pecado mas com Jesus Cristo.
‘Oh feliz culpa - exclama a liturgia pascal no Exultet - que nos permitiu ter um tão
grande redentor'. Não deveríamos dizer o mesmo da evangelização de ambas as Américas,
do Sul e do Norte? A um continente sem “os erros e as sombras” que acompanharam a
sua evangelização, mas também sem Cristo, quem não preferiria um continente com estas
sombras, mas com Cristo? Qual cristão, de direita ou de esquerda (principalmente se
sacerdote ou religioso) poderia dizer o contrário sem faltar, por isso mesmo, com
a própria fé?”, disse Padre Cantalamessa.
Falando sobre a atual situação missionária
dos desafios que o mundo nos traz, o pregador da Casa Pontifícia observou que a Igreja
Católica na América Latina tem dois vultos, o ativo e o contemplativo. “Há lugar para
uns e para os outros. Mais ainda, precisamos de uns e de outros, não podendo nenhum
deles realizar o evangelho integral e representar Cristo em todos os aspectos de sua
vida. Cada um deveria, portanto, alegrar-se que os outros façam aquilo que ele não
pode fazer: há quem cultiva a vida espiritual e o anúncio da Palavra e quem se dedica
à justiça e à promoção social, e vice-versa. É sempre válida a advertência do Apóstolo:
'Deixemos, pois, de nos julgar uns aos outros' (cfr. Ro m 14, 13)", declarou o sacerdote.
O pregador da Casa Pontifícia afirmou por fim que a crise das vocações nas
ordens religiosas que se observa no continente latino-americano é causada pela secularização,
mas não somente por ela. “A vocação é obra do Espírito Santo que vai onde é amado,
onde é convidado e onde é esperado”, declarou Padre Cantalamessa, que recordou ainda
que João Paulo II exortava os religiosos e as religiosas da América Latina a “evangelizar
a partir de uma profunda experiência de Deus que seja atual também hoje no aspecto
das vocações”. (SP)