Rússia apresenta proposta de resolução para a Síria: diplomatas ocidentais dispostos
a negociar
(16/12/2011) A Rússia pôs a circular no Conselho de Segurança das Nações Unidas uma
nova proposta de resolução sobre a Síria, numa iniciativa que surpreendeu as potências
ocidentais, mas que foi bem acolhida, apesar de não avançar com qualquer sugestão
de sanções contra o regime do Presidente Bashar al-Assad. O texto condena a violência
no país, que se arrasta há nove meses com uns estimados 5000 mortos, tanto por parte
das forças de segurança do regime como pelas da oposição. E pela primeira vez inclui
uma referência à “força desproporcionada usada pelas autoridades” e pede explicitamente
ao Governo sírio para “pôr fim à repressão daqueles que usam os seus direitos de liberdade
de expressão, reunião pacífica e associação”. Diplomatas ocidentais nas Nações
Unidas, sob anonimato, notaram em declarações às agências noticiosas que o texto é
“fraco”, não reflectindo a gravidade actual de violação dos direitos humanos na Síria,
uma vez que não contém nenhuma penalização do regime de Assad, mas sinalizaram que
estão dispostos a negociar os termos apresentados – o que abre a porta a uma solução
no Conselho para ultrapassar o impasse em que ficou mergulhada a primeira proposta
de resolução. Os Estados Unidos e aliados europeus insistem que o Governo de Damasco
deve ser responsabilizado em primeira linha pela violência na Síria, invocando a brutal
repressão das autoridades sobre as primeiras manifestações no país – que eclodiram
por meados de Março – então num protesto contra a corrupção. O regime respondeu
prontamente com a mobilização de tanques e tropas para as cidades revoltosas, com
activistas no terreno a denunciarem práticas generalizadas de ataques contra os manifestantes,
detenções maciças e tortura de detidos pelas forças de segurança. A alta comissária
das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Navi Pillay, alertou já que a situação
é de uma “guerra civil”, conforme o confronto se foi agudizando com o número crescente
de soldados a desertarem para a oposição e a transformarem esta convulsão num cada
vez mais intenso conflito armado.