Cidade do Vaticano (RV) - O Papa Bento XVI visitará no próximo domingo o complexo
penitenciário de Rebibbia, que fica na periferia norte de Roma.
Ouça a reportagem
aqui:
Estima-se
que a população carcerária da região do Lácio, da qual Roma é a capital, seja de 6.500
presos. Entre eles, se encontram cerca de 70 brasileiros – número que oscila constantemente.
O
tráfico de droga é o crime mais comum entre os nossos compatriotas. A estória mais
ou menos se repete: falta de dinheiro, problemas, contas a pagar e a promessa de uns
trocados a mais. Assim, milhares de pessoas decidem arriscar a própria vida saindo
do Brasil contrabandeando droga. Hoje vamos conhecer uma dessas histórias:
Vamos
chamá-lo de Leandro, para proteger sua identidade. Ele tem 33 anos, é do Estado do
Rio de Janeiro, e por troca de dois mil euros aceitou ingerir 80 cápsulas de cocaína,
1 quilo da droga. Através de um amigo, ele contatou o traficante num morro no Rio,
foi levado a São Paulo e de lá embarcou rumo à Itália, na companhia de outra jovem
brasileira, também ela transportando droga. Eles passaram pela alfândega no aeroporto
Leonardo da Vinci, mas foram presos horas depois já num hotel no centro de Roma.
Tudo
isso aconteceu cerca de um mês atrás, e Leandro se encontra hoje no presídio de Regina
Coeli, a poucos passos do Vaticano, à espera do julgamento. De acordo com a lei local,
ele pode pegar até seis anos de prisão. Desde que ele chegou a Roma, no dia 12 de
novembro, outros três brasileiros foram presos no mesmo cárcere, com a mesma acusação.
Questionado se vale a pena correr esse risco, Leandro se limitou a responder: "Trata-se
de necessidade".
Amaranta Mathias Fernandes trabalha na repartição de assistência
do Consulado Brasileiro em Roma. A pedido de Leandro, Amaranta foi encontrá-lo:
"Eu
fui ao presídio de Regina Coeli, em Roma, visitar um preso brasileiro. Ele está preso
há um mês por tráfico de drogas, que é a principal causa de prisão de brasileiros.
Ele me pareceu tranquilo, está bem, inclusive disse que estava bem de saúde, psicologicamente.
Parecia que ele sabia o risco que corria, muito bem informado sobre como funcionam
as prisões da Itália, sobre as leis italianas, já está com advogado, já sabe que pode
pedir a expulsão. O único pedido dele foi para avisar a família, porque ele não consegue
entrar em contato. Pediu para avisar a irmã, mas para não falar o motivo pelo qual
está preso."
O Consulado não pode interferir no decurso do processo judicial.
Neste caso, sua função se limita a acompanhar o processo. Mas pode, como no caso de
Leandro, visitá-lo, entrar em contato com a família e enviar donativos – iniciativa
esta que foi incrementada recentemente pelo grupo de voluntários, como nos explica
o Cônsul Adjunto, Leonardo Jannuzzi:
"O Consulado-Geral em Roma tem buscado
ampliar e melhorar a assistência aos brasileiros na jurisdição do Consulado. Uma das
iniciativas bastante importante é a implementação do grupo de voluntários, que vai
justamente atender às necessidades de brasileiros em dificuldade aqui em Roma e em
toda a jurisdição do Consulado. Esses brasileiros são basicamente detentos, enfermos,
idosos, crianças e esse grupo busca atuar por meio de visitas a essas pessoas e também
por meio de recolhimento de pequenos donativos, que são encaminhados aos presídios,
hospitais, creches, orfanatos. Portanto, considero esta uma iniciativa que vem melhorar
esse atendimento, vem facilitar a vida dos brasileiros na jurisdição do Consulado-Geral
em Roma." (BF)