Bispos da Patagônia denunciam exploração injusta da terra por parte de multinacionais
Bariloche (RV) – Os bispos da região da Patagônia, na Argentina, denunciam
a exploração dos recursos minerários da região e acusam o Estado de promover a destruição.
Os sete bispos da Patagônia, através de um comunicado, afirmam que o drama
de Belém se repete hoje. "Há quem não tenha um lugar para viver porque se vê negado
o direito à vida antes mesmo de nascer, assim como existem idosos que são desalojados
e têm que se afastar da própria família. Existem famílias que, devido à insegurança
e à violência sofridas, perdem suas casas e bens. Se o cuidado da terra, do ar e da
água não for levado a sério, mais pessoas ainda não terão um lugar para viver", escrevem.
"Que intenções podem inspirar certos projetos que acabam transformando uma
natureza repleta de vida em terra de morte?", questionam os prelados. Segundo eles,
a explicação possível parece ser a busca do lucro imediato sem qualquer preocupação
com o futuro: "Essa atitude não leva em conta o bem comum e prioriza o interesse de
poucos em detrimento das necessidades da família humana de hoje e de amanhã".
O
comunicado afirma que com frequência as empresas que atuam na região são multinacionais,
que fazem na Patagônia o que não poderiam fazer nos países ditos desenvolvidos. Ao
abandonarem a terra, deixam um rastro de destruição humana e ambiental: povos sem
vida, esgotamento de reservas naturais, desflorestamento, empobrecimento da agricultura
e rios contaminados.
"É possível explorar a terra sem intoxicá-la e esgotá-la",
escrevem. "Todas as atividades produtivas e extrativas devem respeitar uma determinada
ordem inscrita nas leis e na finalidade da natureza para que não se voltem contra
o homem."
"A afirmação do Evangelho que comentamos é dramática e muito triste:
'Não havia lugar', mas ainda mais dramática e triste quando é produto do egoísmo humano
e de uma ausência total de solidariedade", acrescentam os bispos. (BF)