Igreja na África estimula a independência das mulheres do Continente
Nairobi (RV) – Posicionar-se diante da sociedade para dar prosseguimento a
uma mudança positiva em direção ao desenvolvimento. Essa foi a recomendação da Igreja
na África às mulheres do continente, feita ao término do Seminário realizado em Nairobi,
Quênia, pela Comissão Justiça e Paz da Amecea, dedicado ao tema “Mulheres pela responsabilidade”.
Em nota, a Amecea, que é a Associação dos membros das Conferências Episcopais
da África Oriental, afirma que as mulheres africanas sentem-se às margens da sociedade,
muitas vezes por não proverem o próprio sustento. Os bispos reforçam que elas “devem
tomar uma posição perante a sociedade, devem ter um papel ativo, porque a sociedade
precisa delas. E, para tanto, elas devem acreditar nelas mesmas e nas próprias capacidades”.
O seminário pôs em discussão as maneiras pelas quais as mulheres podem tornar-se
independentes, principalmente as “donas de casa”, que dependem financeiramente dos
maridos. “Projetos femininos – lê-se na nota – acabam, muitas vezes, por falir devido
a estereótipos que minam a confiança nelas, privando-as do apoio necessário por parte
das suas comunidades de base”.
O documento dos bispos ainda denuncia que “as
mulheres não são chamadas a participar dos projetos de luta contra a pobreza ou em
prol da educação, sendo confinadas à esfera doméstica”. Para contrastar a situação,
o Seminário sugere a instituição de encontros periódicos para que o universo feminino
africano possa, aos poucos, tomar maior consciência das próprias qualidades, dos próprios
direitos, promovendo ainda um encorajamento recíproco à própria independência.
A
reflexão da Igreja na África, dessa forma, está alinhada à Exortação Apostólica de
Bento XVI, Africae Munus. No documento, de fato, o Papa recorda que “as mulheres,
na África, com os seus números talentos e dons insubstituíveis, trazem uma grande
contribuição à família, à sociedade e à Igreja. (…) A Igreja e a sociedade precisam
que as mulheres tenham todo o espaço que lhes é de direito no mundo, para que o ser
humano possa viver sem se desumanizar completamente”.
Foi ressaltado no documento
que “ainda são muito numerosas as práticas que humilham as mulheres e as diminuem,
em nome da tradição ancestral”. O Pontífice, na Exortação, afirma que “os discípulos
de Cristo devem combater insistentemente todo ato de violência contra as mulheres
e denuncia-los”. O Papa pede também “o reconhecimento e a liberação da mulher, seguindo
o exemplo dado por Cristo”. (ED)