Independência da América Latina: desejo de ser dono do próprio destino
Cidade do Vaticano (RV) – O Papa Bento XVI vai celebrar esta segunda-feira,
na Basílica Vaticana, a Missa pelo bicentenário dos povos latino-americanos.
Mas
do que se trata precisamente? O Programa Brasileiro entrevistou o Padre José Carlos
Aleixo, jesuíta, Presidente do Instituto Brasileiro de Relações Internacionais:
"Nós
estamos comemorando o bicentenário de desenvolvimento da independência aqui na América.
Um movimento que foi surgindo e crescendo pouco a pouco, teve vários líderes como
Simon Bolívar, como José de San Martín, como Padre Miguel Hidalgo no próprio México.
E nesta oportunidade da Missa, o Papa Bento XVI vai anunciar a sua visita a dois países
da América Latina: México, que foi o cenário de aparição de Nossa Senhora de Guadalupe,
e também Cuba, onde há uma grande devoção também à Mãe de Jesus, Nossa Senhora. E
essas visitas vão consolidar os vínculos estreitos entre o Pontífice e esta região
da América, nossa querida América. Cuba foi o último dos países da América Latina
a obter a sua independência em 1898.
Nós comemoramos também de alguma forma
a reunião e a constituição que se assinou na cidade de Cádiz, na Espanha, em 1812.
Uma constituição que reuniu representantes de vários países e territórios da América
espanhola no mundo, inclusive das Filipinas. Essa constituição estabeleceu o princípio
do poder do povo na escolha dos seus dirigentes, também estabeleceu a necessidade
das liberdades e os direitos das pessoas. Então foi um marco importante da história
do movimento da independência.
No caso do Brasil, nós tivemos antecedentes
importantes, como foi a inconfidência de Tiradentes em 1792.
Todo esse movimento
de autonomia e de independência na América Latina tomou um impulso muito grande depois
que houve uma ocupação da Espanha de comum acordo com Napoleão Bonaparte e o Rei Fernando
VII, a ocupação da própria Espanha. Cadis foi a única cidade que resistiu a essa ocupação.
Então nós estamos lembrando todos esses fatos e agradecendo a Deus essa independência,
essa autonomia, esse desejo de ser donos dos próprios destinos e pedimos à luz dos
ensinamentos de Guadalupe, nós também sejamos evangelizadores e levemos a Boa Nova,
a notícia da fraternidade, da necessidade da união dos povos aqui desta região para
consolidar sem dúvida sua independência econômica, política, cultural, mas também
os seus vínculos com outras partes do mundo, porque nós somos todos parte de uma mesma
humanidade."