Durban: maratona de negociações termina com aprovação de pacote para reduzir emissões
Durban (RV) - Após duas noites praticamente em branco, nas quais as diferenças
entre UE, EUA, Índia e China estiveram a ponto de fazer a negociação fracassar, a
17ª Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP-17), aprovou a extensão do Protocolo
de Kyoto e um “Mapa de Caminho”, que prevê a criação de um novo instrumento internacional
para que os países reduzam suas emissões de carbono. Atualmente, o Protocolo de Kyoto
é o único acordo legalmente vinculante de redução de gases causadores de efeito estufa
em vigor.
O pacote também inclui a criação do Fundo Verde para o Clima estipulado
em Cancún (México) que prevê ajudas de US$ 100 bilhões anuais a partir de 2020 aos
países em desenvolvimento a enfrentar os estragos das mudanças climáticas.
O
acordo global para reduzir os gases do efeito estufa, que deve ser adotado em 2015
e entrar em vigor em 2020, era a condição imposta pela União Europeia (UE) para se
somar a um segundo período do Protocolo de Kyoto, que expira em 2012.
Rússia,
Japão e Canadá decidiram não fazer parte deste segundo período de compromisso para
a redução de emissões, que vincula até pelo menos 2017, apenas as nações industrializadas,
exceto os Estados Unidos.
Embora os acordos alcançados tenham sido criticados
por muitos países em desenvolvimento por sua falta de ambição na hora de aprovar novas
reduções de emissões, seu objetivo é manter a alta de temperaturas a menos de 2 graus
em relação à era pré-industrial até o final deste século.
O acordo foi discutido
durante duas semanas. A conferência terminaria nesta sexta-feira, mas impasses nas
negociações fizeram com que demorasse um dia a mais. A aprovação veio na madrugada
do sábado, ministros e delegados já exaustos, vários deles cochilando no plenário.
Boa
parte das negociações se realizaram em “indabas”, reuniões que a presidência sul-africana
da conferência convocou nos moldes das tradicionais reuniões de anciãos zulus. A metodologia
sul-africana preza pela transparência para evitar que o processo se corroesse por
haver conversas paralelas, deixando algumas partes de fora - o que prejudicou, por
exemplo, a conferência do Clima de Copenhague, em 2009. (CM)