Viver o Natal: O Card. Hummes e a salvação que só Jesus nos traz
Cidade
do Vaticano (RV) - Neste período de Natal, somos convidados a pensar mais no mistério
do Deus Eterno que se faz um conosco; Natal é sacramento da encarnação divina! A
graça própria da celebração do Natal é a da nossa adoção divina, quando passamos para
a condição de “filhos de Deus”. O poeta português Fernando Pessoa nos brinda com sua
experiência do Natal:
“Ele é a Eterna Criança, o Deus que faltava. Ele é
o humano que é natural. Ele é o divino que sorri e brinca. E por isso é que
eu sei com toda a certeza que ele é o Menino Jesus verdadeiro”. No Natal há uma
evocação deste mistério: ser guiado por Deus que se fez menino e que se revela aos
homens e mulheres da terra. Nós pedimos ao Cardeal Cláudio Hummes, arcebispo emérito
de São Paulo, que nos ilustrasse este mistério. Eis a sua resposta:
“O Natal
é a grande festa em que Deus se aproxima de nós, Deus se faz homem. É o ponto culminante
de como Deus se faz próximo de nós. Isso também significa a manifestação de que seu
amor chega a seu momento alto e definitivo porque Jesus Cristo é um gesto definitivo
de Deus, não haverá outro. Esta é a salvação que Ele nos traz, esta é a revelação
que Ele nos traz: através de Jesus Cristo não haverá outro messias, não haverá outra
Salvação. É definitivo, por isso que chamamos ‘últimos tempos’, porque não haverá
um tempo novo, diferente. Esse é o processo, que pode até durar milênios, não importa,
mas são os tempos definitivos. Deus definitivamente mostrou o seu projeto, seu Amor,
sua Palavra, sua proximidade de nós, o seu querer que nós entremos na sua comunhão
e sejamos plenamente felizes junto com Ele. Nós inteiros, por que às vezes, se separa
o espírito do corpo, e outras vezes existem filosofias e mentalidades que desvalorizam
o corpo; mas Deus exatamente mostrou que Ele veio salvar a todos, a sua Obra, e a
própria Criação, Jesus se faz homem, se faz homem realmente, em tudo igual a nós,
menos no pecado. Também o próprio universo entra deste grande projeto de transformação
final, porque Deus ama sua obra e não despreza sua obra. Não ama só os bons, mas também
os maus, ama de modo muito particular os pecadores porque quer seus filhos de volta.
Enfim, em todos estes gestos vemos revelado Jesus Cristo”.
“A festa no Natal
nos fala de um Deus que se faz homem, se faz um de nós. É algo de tão extraordinário
que nós muitas vezes não penetramos muito, porque é por demais extraordinário. Ficamos
apenas estupefatos diante disso; louvamos a Deus, agradecemos a Deus, cantamos, fazemos
festa de muitas formas, também com festas muito populares, mas que no fundo são esta
grande festa: a de ter a certeza de que Deus nos ama e nos salva. Isso se celebra
no Natal”. “Creio que atualmente, hoje, este Natal deste ano, está um pouco sob
o signo das grandes crises econômicas. Toda a Humanidade e muitos países, de modo
muito especial as famílias, estão angustiados: como será o futuro, como ter um trabalho,
como poderão atravessar esta crise sem prejuízos radicais, toda esta questão econômica
que pesa em tantas famílias pobres. Muita gente pode ainda ter que enfrentar situações
mais complicadas. Também sob este signo nós pedimos a Deus que ilumine os nossos dirigentes
no mundo, porque isto depende de decisões, mesmo que muito leite esteja já derramado
e não há mais como juntar, pode-se, com justas e sábias decisões, evitar que se derrame
o restante”.
Para ouvir a entrevista completa, clique no alto-falante acima. (CM)