Rio de Janeiro (RV) - O tempo do Advento caminha, ajudando-nos na preparação
para celebrar com alegria o Mistério da Encarnação do Senhor. É o Domingo da Alegria
(Gaudete), o final de semana da Coleta Nacional da Campanha para a Evangelização,
e temos a alegria da ordenação de doze diáconos destinados ao sacerdócio em nossa
Sé Metropolitana. A Palavra de Deus neste Terceiro Domingo do Advento é dirigida a
celebrar o mistério de Cristo que vem como um mensageiro da alegria, doador da salvação
e da fonte de luz.
Quem é Jesus? Esta é a pergunta fundamental que durante
dois mil anos envolve e questiona a todos, que apaixona os teólogos e filósofos, escritores
e cientistas. Hoje, especialmente os jovens, que já vivem a alegria da Jornada Mundial
da Juventude, a ser realizada no Rio de Janeiro em 2013, que andam a procura de um
fundamento da vida que tenha significado e esperança, são motivados por um profundo
desejo de conhecer melhor o autêntico rosto de Jesus. À Igreja, em sua totalidade,
cabe ajudá-los nesta busca para facilitar o seu encontro pessoal com a pessoa de Jesus
Cristo. “Estai sempre alegres”: Como é possível?
A liturgia de hoje nos ajuda
a responder, sim, a alegria é possível, porque o Senhor está próximo. É possível não
porque as coisas estão sempre boas, mas porque Deus nos ama sempre e nunca deixa de
nos amar, jamais deixa de querer o nosso bem, de fazer para nós o bem. O Senhor deixa-se
encontrar por aqueles que O buscam com sinceridade de coração, e pode fazer infinitamente
mais do que podemos pedir ou pensar, e está pronto para dar mais do que pedimos. É
possível ser feliz, porque o Senhor, presente em nossas vidas, dá um sentido novo
para nossa existência e nos faz viver construindo esse mundo novo com atitudes concretas
de amor ao próximo.
Só há um Deus de amor, que para nós tem planos de paz e
não para de desventura, e, portanto, tudo é graça, mesmo o que parece ser o gemido
de agonia é realmente o grito de uma nova vida. Nem doença, nem velhice, ou uma dor
ou uma falha ou acidente, ninguém e nada pode nos separar do amor de Cristo, nem mesmo
a morte. Todas estas coisas nos farão gemer e chorar, mas nunca pode extinguir o fogo
sagrado da alegria. A fé não remove a cruz, mas faz-nos viver o momento da cruz em
íntima comunhão com o Crucificado. Porque o Crucificado ressuscitou e Deus não está
longe, além das nuvens, nos desconhecidos céus, além do espaço exterior frio e mudo,
não estamos mais sozinhos, o Senhor está próximo!
A alegria do amor é possível
porque o Espírito foi derramado em nossos corações, e não há cansaço ou decepção.
João Batista foi um homem enviado por Deus para dar testemunho daquele que estava
por vir: Jesus, o Salvador. João Batista deu testemunho de Jesus desde o momento que
se conheceram, quando estremeceu no ventre de sua mãe Izabel. Naquele exato dia, João,
misteriosamente, começou a sua missão. Depois, ele continuou chamando o povo ao arrependimento
para preparar os caminhos para o Senhor, e para aqueles que aceitavam o chamado conferia
o batismo de penitência. João preparou os corações para receber a novidade do Evangelho.
Quando
perguntam a João Batista: "Quem é você?". Ele responde que não é o Messias, nem Elias,
nem um profeta, nem tampouco Cristo. Ele responde que era a “voz que grita no deserto”!
Nós também somos chamados a ser sinais desse amor e a preparar os caminhos do Senhor
nos tempos atuais. Assim, nossa missão é ter consciência desta nova presença de Cristo
e ajudar os outros a descobri-la também. O Senhor nos chama a todos para levar e realizar
a boa notícia: Deus, em Cristo, cura as feridas do coração; Deus, em Cristo, liberta
os escravos e prisioneiros; Deus, em Cristo, oferece a todos a sua misericórdia. Eis
aqui o motivo da nossa alegria.
Todos nós somos chamados a ser anunciadores
do Reino de Deus, da vinda de Jesus, do seu amor e da sua misericórdia. Como João,
todos nós devemos ser essa uma voz que clama no deserto (e que deserto hoje!) para
que floresça e brotem rios de água viva. Como João, somos chamados a dar testemunho
de que a luz brilha como uma cidade edificada sobre um monte. Os diáconos que
serão ordenados neste sábado escolheram como lema: “Não fostes vós que me escolhestes,
mas fui eu que vos escolhi” (João 15,16). E é essa nossa consciência: somos chamados,
escolhidos para testemunhar quem é Jesus para o mundo de hoje. Para isso, João Batista
nos ensina que nós devemos estar sempre em sintonia com a voz de Deus, a voz que nos
conduz para dar o testemunho da santidade. Ser santo é a meta de todo batizado e,
particularmente, de todo o ministro ordenado.
Acompanhemos os novos diáconos
com a nossa prece e a nossa oração. Na alegria da vinda próxima do Senhor, podemos
clamar: Vinde, Senhor Jesus, e vosso amor vai nos salvar de nossa miséria. Vinde,
Senhor Jesus, e vossa luz vai vencer nossas trevas. Vinde, Senhor Jesus, a vossa presença
é a nossa alegria! Vinde, Senhor Jesus!
† Orani João Tempesta, O. Cist.
Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro, RJ