Durban: quem vai pagar a conta das mudanças climáticas?
Durban (RV) - Últimas horas do encontro da ONU sobre mudanças climáticas em
Durban, na África do Sul. Depois de uma verdadeira maratona de 12 dias, que balanço
pode ser feito desta conferência?
O Programa Brasileiro contatou em Durban
o pesquisador José Antonio Puppim de Oliveira, que trabalha na Universidade da ONU
em Yokohama, no Japão:
São mais ou menos mais de 50 linhas de negociação que
existem em diversos momentos, mas têm duas áreas que são chaves, uma que é o grupo
ad hoc do Protocolo de Kyoto e o outro grupo de trabalho ad hoc sobre cooperação ao
longo termo. E até o momento não existe muita esperança de que saia algo muito robusto
desta Conferência. O que aconteceu recentemente foi que a China, que hoje é o principal
poluidor de gases de efeito estufa, com 25% mais ou menos, anunciou que está disposta
a negociar. Este é o grande ponto, pois os países industrializados são os principais
poluidores e vão continuar sendo em termos de aumento da poluição. O grande ponto
chave é se esses países vão assumir algum compromisso de reduzir ou limitar suas emissões.
Provavelmente cada país vai decidir unilateralmente como eles vão reduzir as emissões,
não haverá um compromisso global de redução. Isso é muito perigoso, porque cada país
tem seu interesse e o interesse comum, global, vai ficar de fora disso.
E quanto
à posição do Brasil?
O Brasil tem mostrado uma posição realmente coerente nesse
aspecto, pois reduziu bastante as emissões e tem um compromisso de redução interna.
Mas não sinalizou que vai querer fazer algum compromisso internacional. Uma das críticas
que as pessoas fazem é que o Brasil não está ajudando nesse sentido, que poderia fazer
mais, ter uma liderança ainda maior e trazer China, Índia, esses países para ter um
compromisso internacional legal. O grande problema está aí, a gente sabe de quanto
no máximo de carbono equivalente pode ter na atmosfera. O próximo passo é exatamente
quem vai reduzir, quanto e quem vai pagar a conta. Aí não se chega a um acordo.
Como
relacionar ecologia e Direitos Humanos?
A justiça ambiental não é uma palavra
nova, existe faz muito tempo, 30, 40 anos. Que em nível local seria o seguinte: como
distribuir os impactos ambientais, por exemplo, numa cidade. Normalmente em uma cidade
os lugares mais poluídos são aqueles onde vivem as pessoas mais pobres. Então existe
uma injustiça ambiental. Os impactos ambientais são distribuídos de forma injusta
na cidade. E isso se traduz em nível global. Ou seja, as pessoas que menos poluem
são aquelas que mais vão sofrer com o cambio climático, e geralmente são os mais pobres
e têm menos capacidade para se adaptar.
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completa: (BF)