Igreja e Bioética: fé e ciência para o bem do homem
Cidade
do Vaticano (RV) - A Bioética é o estudo transdisciplinar entre Biologia, Medicina,
Filosofia (Ética) e Direito (Biodireito) que investiga as condições necessárias para
uma administração responsável da Vida Humana, animal e responsabilidade ambiental.
A ciência considera, portanto, questões onde não existe consenso moral como a fertilização
‘in vitro’, o aborto, a clonagem, a eutanásia, os transgênicos, a responsabilidade
moral de cientistas e as pesquisas com células- tronco.
Continuam a repercutir
no mundo científico as reflexões emersas durante o Congresso sobre células-tronco
adultas, realizado no Vaticano no inicio de novembro. O encontro foi promovido pelo
Pontifício Conselho da Cultura e por uma empresa de pesquisa nesse ramo e envolveu
cientistas e expoentes da Igreja Católica.
A RV entrevistou Pe. Mario Marcelo
Coelho, doutorando em teologia moral e especialista em bioética, que explica inicialmente
o que é a bioética e o significado da participação da Igreja neste debate:
“O
termo bioética significa ‘ética da vida’, se formos traduzir literalmente. Refere-se
a tudo aquilo que abrange a vida humana, mas hoje isto está se ampliando, pois a vida
humana envolve tantos outros setores: ecologia, a vida dos animais, o ambiente e questões
que se referem diretamente à pessoa humana e em torno de todas as pesquisas, da medicina,
e do próprio desenvolvimento da pessoa humana”.
“Hoje, a Igreja é muito presente
porque a pesquisa está crescendo, as descobertas estão acontecendo, aparecendo, e
envolvem a pessoa humana. Então, nós, Igreja, temos que estar atentos, não no sentido
de proibir, de impedir, ou de investigar, mas, sobretudo de ajudar mesmo a pesquisa:
“Olha, isso aqui é bom para o ser humano, isso não é bom para o ser humano, porque
nem tudo o que é tecnicamente possível é ético. Há certas coisas que a tecnologia
permite, mas não são éticas; estaríamos agredindo a pessoa humana, a humanidade. Então
a Igreja está muito atenta a todo este debate que envolve os termos da vida, sobretudo
agora, estes relacionados às pesquisas cientificas, ao que se refere ao genoma humano”.
Existe
a impressão de que quanto mais a ciência progride em suas pesquisas, mais se encontra
em conflito com a Igreja, como se a Igreja quisesse frear certos aspectos. Sabemos
que não é assim...
“Não é assim, muito pelo contrário. Em todas as suas
declarações, a Igreja afirma que as conquistas científicas são um bem para a humanidade.
Veja, hoje usamos óculos. Isto é uma conquista. E isto vem da pesquisa cientifica.
Tantos outros setores: a penicilina, os antibióticos, as cirurgias, são coisas boas,
que ajudam. O que a Igreja quer levantar é que existe um certo momento em que a pesquisa
deve ter limites, e quem o determina é a ética, que vai ajudar a refletir, não proibir,
mas refletir sobre o limite para a tecnologia. A Igreja diz que a ética está aí para
ajudar sobre o que estamos fazendo e como o estamos fazendo”.