Genebra (RV) - A Santa Sé renova a sua grande preocupação pelo que está ocorrendo
na Síria. Na sexta-feira, falando durante a Sessão especial do Conselho dos direitos
humanos das Nações Unidas, em Genebra, o Observador Permanente do Vaticano junto à
sede da ONU na capital helvécia, Dom Silvano Maria Tomasi, exortou que sejam acolhidas
as legítimas aspirações da população e o fim das violências. A ONU denunciou um massacre
na Síria onde desde o início dos protestos no mês de março último perderam a vida
pelo menos 4 mil pessoas, das quais 307 são crianças. Eis o que disse à Rádio Vaticano
Dom Tomasi.
R. "Antes de tudo, a preocupação foi expressa pela Santa Sé pelas
vítimas deste conflito que teve início há muitas semanas entre o exército e as autoridades
sírias e os manifestantes. A violência não faz bem a ninguém, e a linha que adotamos
foi a de insistir na necessidade da reconciliação e no respeito dos direitos humanos
de cada pessoa. Para o futuro do país, não se pode simplesmente continuar numa linha
violenta, mas é necessário dialogar de modo que os direitos legítimos dos indivíduos
e das comunidades minoritárias que de fato constituem a Síria possam ser respeitados
e se possa abrir a porta a uma participação mais ampla dessas várias comunidades na
administração do país".
P. O que pode fazer, nesta situação tão dramática,
a comunidade internacional?
R. "A decisão tomada pelo Conselho dos Direitos
Humanos, de votar uma Resolução que comprometa em qualquer modo a comunidade internacional
a fazer todo o possível para que os direitos humanos das pessoas sejam respeitados,
é um sinal de vontade política de ajudar e de fazer com que a situação na Síria se
estabilize. A Resolução foi aprovada por ampla maioria, com 37 votos a favor e somente
4 contrários. Portanto, existe o sinal de uma vontade política de ajudar este país.
Em segundo lugar, eu diria que a comunidade internacional tem a responsabilidade não
somente de se mover com as sanções – como de fato ocorreu – mas de levar em consideração
todas as exigências de todas as pessoas, seja das minorias, seja das pessoas no poder,
e sobretudo de garantir num pós-crise, a participação justa de todas as forças do
país na reconstrução do mesmo e uma possibilidade de convivência serena e pacífica".
Por sua vez a Alta Comissária da ONU para os Direitos Humanos, Navi Pillay,
defendeu que a Síria deve ser submetida ao Tribunal Penal Internacional, com sede
em Haia, por violar os direitos humanos. Se a “repressão impiedosa” não for interrompida
pode ocorrer uma “guerra civil generalizada”, sustentou a responsável, que falou em
mais de 300 crianças mortas e 14 mil detidos após o início dos protestos contra Bashar
al-Assad, acusado de ordenar às forças policiais que atirem para matar contra os manifestantes.
A Síria considerou “injusta” e “com motivações políticas” a resolução do Conselho
da ONU que condenou as “violações generalizadas, sistemáticas e flagrantes” dos direitos
humanos, considerando que “foi preparada antecipadamente pelas partes hostis” ao país,
refere um comunicado do Ministério das Relações Exteriores sírio.
“O relatório
apresentado pela comissão de inquérito tem motivos políticos e baseia-se em informações
falsas divulgadas fora da Síria e por meios de comunicação desonestos, ignorando as
informações apresentadas por Damasco”, indica a nota. Na quinta-feira a União Europeia
impôs sanções contra três empresas de petróleo sírias, incluindo a estatal Sytrol,
como forma de elevar a pressão sobre o regime sírio. (SP)