Marcha pede justiça para morte do cacique Nísio Gomes. CNBB expressa consternação
Campo Grande (RV) – Cerca de 500 pessoas participaram na quarta-feira da Marcha
contra o Genocídio e pela Paz, organizada pelo movimento Kaiowá Guarani Aty Guasu.
Os
participantes caminharam sete quilômetros pela rodovia MS 386 entre Amambai e Ponta
Porá, Mato grosso do Sul, até o local do acampamento Tekoha Guaiviry, onde foi morto,
no último dia 18, o cacique Nísio Gomes.
"Foi muito boa a marcha. Superou
as nossas expectativas porque com todo esse sofrimento e o medo de acontecer alguma
coisa, realmente mostramos que estamos fortes", avaliou Otoniel Kaiowá Guarani, membro
do Aty Guasu.
O protesto pediu a investigação rigorosa e a prisão dos autores
do crime. No acampamento, integrantes da marcha visitaram o local do triste episódio,
que culminou no desaparecimento de Nísio.
Ontem, a CNBB divulgou uma nota
em favor dos povos Kaiowá e Guarani, expressando consternação pelo assassinato do
cacique: "O sangue desta reconhecida liderança, vítima de uma morte anunciada, clama
por justiça e pelo fim da violência que há anos atinge e vitimiza este povo. A ninguém,
muito menos ao Estado, é permitido assistir passivamente a barbáries como essa, que
chocou o país e provocou reações também de comunidades internacionais".
A CNBB
reafirma seu compromisso com a defesa de direitos constitucionais indígenas, especialmente
o direito de ter demarcadas e homologadas suas terras ancestrais como assegura a Carta
Magna do país.
"Sem justiça não há paz. Para o povo Guarani, a justiça consiste
no respeito incondicional à sua vida, que está indissoluvelmente ligada à garantia
da terra. O tempo do Advento do Senhor que iniciamos nos conclama a uma esperançosa
e atuante vigília, alimentada pelo profeta Isaías que proclama: “Deus vem ao encontro
daquele que pratica a justiça" (cf. Isaías 64,4). Com o compromisso e a solidariedade
de todos, o grito dos Kaiowá e Guarani será ouvido!" (BF)