Nova Iorque (RV) – Os níveis de pobreza na América Latina caíram para os menores
níveis em duas décadas, de acordo com um novo relatório das Nações Unidas que destaca
o gasto público como um dos fatores-chave que permitiu que o continente continuasse
a crescer apesar da crise econômica mundial.
Entre 1990 e 2010, a taxa de pobreza
caiu de 48,4% para 31,4%, enquanto os níveis de indigência – pobreza extrema – caíram
de 22,6% para 12,3%.
O declínio nas taxas deve-se principalmente a um aumento
nos salários, segundo a CEPAL, Comissão Econômica para a América Latina e Caribe.
Transferências de dinheiro público também foram um fator contribuinte, mas em muito
menor grau.
O relatório, apresentado ontem em Santiago, Chile, prevê que a
região vai fechar este ano com 174 milhões de pessoas vivendo na pobreza em comparação
com 177 milhões em 2010.
"A pobreza e a desigualdade continuam a cair na região,
o que é uma boa notícia, especialmente em meio a uma crise econômica internacional",
disse a Secretária-Executiva da CEPAL, Alicia Bárcena.
O relatório também prevê
que a taxa de pobreza continuará a cair em 2012. No entanto, ele afirma que a taxa
de indigência pode ter aumentado ligeiramente (até 12,8 por cento) por causa do aumento
dos preços dos alimentos.
O relatório revela que os gastos públicos, e das
despesas sociais em particular, receberam um impulso significativo na maioria dos
países nos últimos 20 anos.
"Em resposta à crise econômica global, os países
optaram por expandir temporariamente as despesas públicas ao invés de reduzi-las,
que era tradicionalmente a ação tomada. Entretanto a expansão ainda impediu o aumento
do desemprego e vulnerabilidade social”, diz o relatório.
O relatório destaca
os países que tiveram quedas substanciais na pobreza no ano passado, incluindo Peru,
Equador, Argentina, Uruguai e Colômbia.
No entanto, a CEPAL adverte que o progresso
é ameaçado por lacunas na estrutura produtiva da região e pelos mercados de trabalho
sem proteção social. Apenas quatro de cada 10 trabalhadores com trabalho formal estão
matriculados no sistema de previdência social, com uma grande maioria das pessoas
idosas, mulheres e trabalhadores em áreas rurais serem deixadas de fora de seus benefícios.(RB)