(30/11/2011) Os 13 anos mais quentes no planeta foram registados nos últimos 15 anos,
alertou a Organização Meteorológica Mundial durante os trabalhos da 17.ª conferência
da ONU sobre alterações climáticas, em Durban. A Organização Meteorológica
Mundial (OMM) divulgou, esta terça-feira, no segundo dia da conferência sobre alterações
climáticas, as conclusões sobre os dados recolhidos a nível mundial, considerando
ser inequívoca a constatação de um aquecimento global do planeta que põe em risco
ilhas, zonas costeiras, populações e colheitas. O relatório indicou que o período
2002-2011 iguala o de 2001-2010 como a década mais quente desde 1850, sendo 2011 é
o décimo ano mais quente desde 1850, data em que começaram a ser registadas medições
científicas das temperaturas. "As concentrações de gases com efeito de estufa
na atmosfera atingiram novos máximos e estão rapidamente a aproximar-se de níveis
consistentes com um aumento de 2 a 2,4 graus centígrados nas temperaturas médias globais",
salientou o relatório.
Esta tendência verificou-se, notou a OMM, apesar da
presença do fenómeno meteorológico 'La Niña' - na sua forma mais poderosa nos últimos
60 anos - que se desenvolveu no Pacífico na segunda metade de 2010 e se manteve activo
até Maio deste ano. O estudo salientou que este fenómeno climático cíclico, que
aparece com intervalos entre três e sete anos, provocou condições climáticas extremas,
incluindo seca na África Oriental, nas ilhas do Pacífico situadas na zona do Equador
e no sul dos Estados Unidos, bem como cheias na África Austral, leste da Austrália
e sul da Ásia. Os cientistas afirmaram que embora 'La Niña' e 'El Niño' não resultem
das alterações climáticas, o aumento dos níveis dos oceanos, que são resultado do
aquecimento global, pode afectar a frequência e intensidade de ambos os fenómenos.
Para os mais de 15 mil delegados à cimeira de Durban - entre membros de governos,
organizações não-governamentais, cientistas e activistas - o planeta reservou uma
surpresa. Uma violenta e inesperada tempestade que se abateu sobre Durban e zonas
circundantes, num raio de quase 100 quilómetros, causou seis mortos, dezenas de feridos
e a destruição de centenas de habitações na véspera da abertura dos trabalhos. O
Centro de Conferências de Durban (ICC), onde decorre a conferência, registou alguns
danos em resultado das rajadas de vento e da chuva, que provocou inundações em algumas
zonas da cidade, embora sem a gravidade necessária para pôr em perigo o evento patrocinado
pelas Nações Unidas.