Obra Nacional da pastoral dos ciganos exige respeito pelos «direitos básicos» da etnia
cigana. Encontro nacional deixa reparos à falta de políticas e estratégias de inclusão.
(21/11/2011) A Igreja Católica em Portugal pediu ao Governo que “promova o reconhecimento
efetivo dos direitos básicos dos ciganos”, como cidadãos portugueses de pleno direito,
lamentando a falta de “políticas “de inclusão, especialmente ao nível da habitação. “A
experiência confirma que o realojamento feito em bairros ou prédios exclusivamente
para ciganos, não promove a inclusão, pelo contrário, cria novos guetos e agravamento
dos problemas sociais”, refere o documento conclusivo do 38.º Encontro Nacional da
Pastoral dos Ciganos, que decorreu entre sexta-feira e domingo na Casa de Nossa Senhora
das Graças (diocese de Portalegre-Castelo Branco), em Mem-Soares, Castelo de Vide,
distrito de Portalegre. Na iniciativa, promovida pela Obra Nacional da Pastoral
dos Ciganos (ONPC), foi referida a falta de resultados das “estratégias de inclusão”,
“continuando a maioria da população de etnia cigana a viver marginalizada, excluída
sem lhe serem reconhecidos os mesmos direitos de cidadania da restante população portuguesa”. Às
autarquias, em particular, é pedido que assumam “como sua obrigação, o enfrentar dos
graves problemas habitacionais de muitas famílias de etnia cigana, ainda alojadas
em barracas ou em casas em ruínas”. Num momento em que se debatem as estratégias
a seguir em Portugal para a inclusão dos ciganos, na sequência do programa com o mesmo
objetivo que a União Europeia (UE) quer implementar até 2020, os participantes no
encontro observam que “a inclusão deve ser feita através de projetos criados localmente
que contem com a participação das famílias ciganas”. A nível da Igreja, os mais
de 50 participantes falam em “falta de interesse pastoral face à população de etnia
cigana” e mesmo em “falta de sensibilidade de muitos párocos e comunidades paroquiais
para aceitar, no seu seio, os cristãos de origem cigana, acontecendo, por vezes, algumas
atitudes discriminatórias, antievangélicas, que desacreditam a própria Igreja”. O
documento conclusivo assinala, por outro lado, a realização do próximo encontro europeu
do Comité Católico Internacional para os Ciganos (CCIT), o qual acontecerá de 23 a
25 de março de 2012 em Fátima, tendo como tema ‘Face a uma sociedade cada vez mais
estruturada, criadora da marginalidade, quais as perspetivas evangélicas’. Para
os responsáveis católicos pelo acompanhamento da pastoral dos ciganos, é importante
que a Comissão Episcopal da Pastoral Social e Mobilidade Humana “promova a elaboração
e divulgação de um documento pastoral sobre esta realidade, dirigido a toda a Igreja
que está em Portugal”.