Cotonou (RV) – O nome do Cardeal Bernardin Gantin está sendo mencionado várias
vezes nesta viagem de Bento XVI ao Benin. De fato, ele é uma figura de referência
para a Igreja africana.
O seu sobrenome significa
"árvore de ferro da terra da África", e o seu povo e a sua terra sempre estiveram
presentes na sua vida. Filho de um funcionário das ferrovias, o Cardeal Bernardin
Gantin nasceu em 1922 no então Dahomey, hoje Benin.
Foi o homem das "primeiras
vezes": o primeiro Metropolitano africano de toda a África e o primeiro eclesiástico
africano que ocupou cargos de altíssima responsabilidade na Cúria Romana. Começou
na Congregação para a Evangelização dos Povos, passou por Justiça e Paz, Cor Unum
e Congregação para os Bispos. Teve até contato com o nosso continente, pois foi presidente
da Pontifícia Comissão para a América Latina, a CAL. Cinquenta e sete anos de sacerdócio,
cinquenta e um de Episcopado e trinta e um de púrpura cardinalícia: eis a síntese
de uma vida vivida pela Igreja.
Fato curioso é que Gantin foi feito Cardeal
na mesma ocasião de Bento XVI: eles receberam juntos o barrete cardinalício das mãos
do Papa Paulo VI.
"Muitas recordações pessoais me ligam a este nosso Irmão",
disse Bento XVI na homilia do seu funeral, em 2008. Ratzinger recorda o Cardeal Gantin
como uma pessoa de prudente sabedoria, imbuída de amor de Cristo; amor que o tornava
amável e disponível à escuta e ao diálogo com todos; amor que o estimulava a olhar
sempre, como costumava repetir, para o essencial da vida, sem se perder com o que
é contingente; amor que lhe fazia sentir o seu papel nos vários Cargos da Cúria como
um serviço privado de ambições humanas.
A sua personalidade, humana e sacerdotal,
constituía uma síntese maravilhosa das características da alma africana com as próprias
do espírito cristão, da cultura e da identidade africana e dos valores evangélicos.
Cardeal Gantin sempre viveu e trabalhou tendo em mente as palavras que sua
mãe lhe repetia: "Nunca te esqueças da pequena aldeia da qual provimos". (BF)