(18/11/2011) Excelentíssimo Senhor Presidente da República, Venerados Cardeais, Amado
Presidente da Conferência Episcopal do Benim, Ilustres Autoridades civis, eclesiais
e religiosas, Queridos amigos! Agradeço-lhe, Senhor Presidente, as cordiais
palavras de boas-vindas que me dirigiu. Vossa Excelência conhece o afecto que sinto
por este continente e pelo seu país; tinha desejo de voltar à África, sendo esta viagem
apostólica motivada por uma tríplice razão. Antes de mais nada, o amável convite que
me fez o Senhor Presidente para visitar o país e que foi acompanhado por igual iniciativa
da Conferência Episcopal do Benim; iniciativas estas, que caíram num momento propício,
ou seja, no ano em que o Benim celebra o quadragésimo aniversário do estabelecimento
das suas relações diplomáticas com a Santa Sé, bem como o sesquicentenário da sua
evangelização. A minha estada convosco proporciona-me a feliz ocasião para inúmeros
encontros, culminando na Eucaristia que celebrarei antes do meu regresso. Depois,
com esta viagem, cumpre-se o meu desejo de entregar, em terra africana, a Exortação
apostólica pós-sinodal Africae munus, cujas reflexões hão-de guiar a acção
pastoral das numerosas comunidades cristãs nos próximos anos. Nestas, este texto terá
possibilidade de germinar, crescer e frutificar «ora cem, ora sessenta, ora trinta
por um», como disse Jesus Cristo (Mt 13, 23). E há ainda uma terceira razão,
que é de ordem mais pessoal ou afectiva. Sempre tive grande estima por um filho desta
Nação, o Cardeal Bernardin Gantin. Durante muitos anos, trabalhamos ambos, cada qual
nas próprias atribuições, ao serviço da mesma Vinha: ajudámos, o melhor que pudemos,
o meu predecessor, o Beato João Paulo II, a exercer o seu ministério petrino. Tivemos
oportunidade de nos encontrar muitas vezes, dialogar profundamente e rezar juntos.
O Cardeal Gantin conquistara o respeito e a estima de muitos. Por isso, pareceu-me
justo vir ao seu país natal, rezar junto da sua sepultura e agradecer ao Benim este
filho ilustre que deu à Igreja. O Benim é uma terra de antigas e nobres tradições,
com uma história prestigiosa. Quero aproveitar esta ocasião para saudar os chefes
tradicionais: a sua colaboração é importante para construir o futuro deste país; encorajo-os
a contribuir, com a sua sabedoria e o seu conhecimento dos costumes, para a delicada
transição actualmente em curso da tradição para a modernidade. A modernidade não
deve meter medo, mas também não se pode construir sobre o esquecimento do passado.
Tem de ser orientada com prudência para o bem de todos, evitando certos escolhos presentes
no continente africano e noutras partes como, por exemplo, a sujeição incondicional
às leis do mercado ou das finanças, o nacionalismo ou o tribalismo exacerbados e estéreis
que se podem tornar letais, a politização extrema das tensões inter-religiosas em
detrimento do bem comum, e ainda a erosão dos valores humanos, culturais, éticos e
religiosos. A transição para a modernidade deve ser guiada por critérios seguros,
que se baseiam em virtudes reconhecidas como as que aparecem no vosso lema nacional
e também as virtudes que estão enraizadas na dignidade da pessoa, na grandeza da família
e no respeito pela vida. Todos estes valores têm em vista o bem comum, o único que
deve prevalecer, constituindo a preocupação suprema de cada responsável. Deus confia
no homem e deseja o seu bem; cabe a nós responder-Lhe com uma honestidade e justiça
que estejam à altura da sua confiança. A Igreja, por seu lado, dá a contribuição
que lhe é específica. Com a sua presença orante e as diversas obras de misericórdia,
especialmente no âmbito educativo e sanitário, deseja oferecer o que tem de melhor:
assegurar a sua proximidade àquele que passa necessidade, àquele que procura Deus;
fazer compreender que Deus existe e não é inútil como às vezes se procura fazer crer,
mas é o amigo do homem. É neste espírito de amizade e fraternidade, Senhor Presidente,
que venho ao seu país. ACƐ MAWU TƆN NI KƆN DO BENIN TO Ɔ BI JI[Deus abençoe
o Benim]!