(18/11/2011) Venerados Cardeais, Amado Arcebispo e caros irmãos no Episcopado, Reverendo
Reitor da catedral, Amados irmãos e irmãs! O antigo hino do Te Deum,
que acabámos de cantar, exprime o nosso louvor a Deus, três vezes santo, que nos reúne
nesta bela Catedral de Nossa Senhora da Misericórdia. Agradecidos, rendemos homenagem
aos Arcebispos anteriores, que aqui repousam: D. Christophe Adimou e D. Isidore de
Sousa. Foram valorosos trabalhadores na Vinha do Senhor, cuja memória continua ainda
viva no coração dos católicos e de numerosos habitantes do Benim: estes dois Prelados
foram, cada um a seu modo, Pastores cheios de zelo e caridade, que se entregaram sem
reservas ao serviço do Evangelho e do Povo de Deus, especialmente dos mais desvalidos.
Como bem sabeis, D. Isidore de Sousa foi um amigo da verdade e teve um papel determinante
na transição democrática do vosso país. Enquanto louvamos a Deus pelas maravilhas,
com que não cessa de cumular a humanidade, convido-vos a meditar brevemente sobre
a sua misericórdia infinita, nesta catedral que a isto se presta providencialmente.
A história da salvação, que culmina na encarnação de Jesus e tem o seu pleno cumprimento
no mistério pascal, é uma revelação esplêndida da misericórdia de Deus. No Filho,
torna-Se visível «o Pai das misericórdias» (2 Cor 1, 3), que, sempre fiel à
sua paternidade, «é capaz de debruçar-se sobre todos os filhos pródigos, sobre qualquer
miséria humana e, especialmente, sobre toda a miséria moral, sobre o pecado» (João
Paulo II, Enc. Dives in misericordia, 6). A misericórdia divina não consiste
apenas na remissão dos nossos pecados, mas também no facto de Deus, nosso Pai, nos
reconduzir – por vezes com sofrimento, aflição e temor da nossa parte – ao caminho
da verdade e da luz, porque não quer que nos percamos (cf. Mt 18, 14; Jo
3, 16). Esta dupla manifestação da misericórdia divina mostra como Deus é fiel à aliança
selada com cada cristão no Baptismo. Repassando a história pessoal de cada um e a
da evangelização dos nossos países, podemos dizer com o salmista: «Cantarei eternamente
as misericórdias do Senhor» (Sal 89/88, 2). A Virgem Maria experimentou,
no seu grau mais excelso, o mistério do amor divino: «A sua misericórdia se estende
de geração em geração sobre aqueles que O temem» (Lc 1, 50) – exclama Ela no
seu Magnificat. Com o seu «sim» ao chamamento de Deus, contribuiu para a manifestação
do amor divino entre os homens. Neste sentido, é Mãe de Misericórdia por participação
na missão do seu Filho; recebeu o privilégio de nos poder socorrer sempre e em toda
parte. «Com a sua multiforme intercessão, continua a alcançar-nos os dons da salvação
eterna. Cuida, com amor materno, dos irmãos de seu Filho que, entre perigos e angústias,
caminham ainda na terra, até chegarem à pátria bem-aventurada» (Conc. Ecum. Vat. II,
Const. Lumen gentium, 62). Ao abrigo da sua misericórdia, os corações feridos
curam, as ciladas do maligno são evitadas e os inimigos reconciliam-se. Em Maria,
temos não só um modelo de perfeição, mas também uma ajuda para realizar a comunhão
com Deus e com os nossos irmãos e irmãs. Mãe da misericórdia, Ela é um guia seguro
para os discípulos de seu Filho que querem estar ao serviço da justiça, da reconciliação
e da paz. Com simplicidade e coração materno, Ela indica-nos a única Luz e a única
Verdade – o seu Filho, Cristo Jesus – que conduz a humanidade para a sua plena realização
no Pai do Céu. Não tenhamos medo de invocar, com confiança, Aquela que não cessa de
dispensar aos seus filhos as graças divinas: Ó Mãe de Misericórdia, nós
Vos saudamos, Mãe do Redentor; nós Vos saudamos, Virgem gloriosa; nós Vos saudamos,
nossa Rainha! Ó Rainha da Esperança, mostrai-nos a face do vosso divino
Filho; guiai-nos pelos caminhos da santidade; dai-nos a alegria daqueles que
sabem dizer «sim» a Deus! Ó Rainha da paz, satisfazei as mais nobres
aspirações dos jovens africanos; satisfazei os corações sedentos de justiça, paz
e reconciliação; satisfazei os anseios das crianças vítimas da fome e da guerra! Ó
Rainha da justiça, alcançai-nos o amor filial e fraterno; alcançai-nos ser
amigos dos pobres e dos humildes; alcançai para os povos da terra o espírito de
fraternidade! Ó Nossa Senhora da África, alcançai-nos do vosso divino
Filho a cura para os doentes, a consolação para os aflitos, o perdão para os pecadores; intercedei
junto do vosso divino Filho pela África, e alcançai, para toda a humanidade, a
salvação e a paz! Amen.