2011-11-17 11:35:07

Benin: à espera do Papa


Cotonou (RV) - Ekabo, Nakoyo, bienvenu. As boas-vindas ao Papa são-lhe dadas em várias línguas nos grandes cartazes, com a sua imagem, que se vêem pelas ruas de Cotonou, cidade multicultural e multireligiosa.

Mas para todos – cristãos, adeptos da Religião Tradicional Africana ou muçulmanos - o Papa vem em nome de Deus, em nome da paz. Por isso, a sua vinda representa uma grande festa, uma grande alegria para todo o povo beninês. Latif Traoré é um jovem muçulmano.

“Eu sou muçulmano, está a ver, não sou católico, mas todos adoramos o mesmo Deus. E é uma honra que o Chefe da Igreja Católica venha visitar o nosso país. E se a Igreja Católica se tornar na primeira religião do Benin, bem, não é um problema. O essencial é que permaneçamos na via de Deus. Se eu tiver ocasião irei ouvir a Palavra de Deus trazida pelo Papa e ver se há algo a aprender dos católicos porque, afinal de contas, é o mesmo Deus que adoramos. Não me incomoda ir ouvir o Papa falar, pregar porque ele vem para a reconciliação. Portanto, que sejamos muçulmanos, católicos, evangélicos, todos somos convidados a permanecer juntos e a acolhê-lo em boas condições e a ouvir a Boa Nova que nos trouxe”

De todos os cantos do país, jovens e adultos já começaram a chegar à capital, na esperança de poder ver de perto o Santo Padre e ouvir as suas palavras.

“Ele vem confirmar-nos na fé, vem unir-nos. A sua vinda honra o Benin e mostra que a África tem um lugar importante no mundo, que o futuro da humanidade está também em suas mãos” refere a maioria das pessoas quando interpeladas sobre a importância da visita do Papa.

Os motivos que trazem Bento XVI ao Benin, sabemos, são vários: debruçar-se sobre o túmulo do seu grande amigo cardeal Gantin, memorável filho desta terra; comemorar com o país o jubileu dos 150 anos de evangelização e, sobretudo entregar aos bispos da África a Exortação Apostólica pós-sinodal sobre reconciliação, justiça e paz. É, portanto, toda a África que se reúne em Cotonou para receber de Bento XVI “Africae Munus”, o documento que irá guiar a Igreja na África no empenho de dignificação dos filhos deste continente, humilhado ainda por diversas formas de pobreza e de conflitos.

De norte a sul, de leste a oeste, delegações de bispos e fiéis de toda a África já estão a encher a capital do Benin, a qual não poupa esforços para acolher o chefe da Igreja Católica da melhor forma. Os últimos retoques estão a ser dados às ruas e estradas por onde o Papa irá passar; os lugares de encontro recém-pintados, igrejas e palcos enfeitados com as cores do Vaticano. Na Paróquia de Santa Rita, onde o Papa encontrará as crianças, Júlia está concluindo a decoração da igreja. Prevalecem o amarelo e o branco, cores do Vaticano, para dizer ao Papa que está no Benin, mas que deve sentir-se em casa, como se estivesse no Vaticano. No teto um grande núcleo amarelo, donde partem ramificações brancas em tecido.

“É uma teia de aranha, para dizer que estamos em cadeia e interligados ao mesmo tempo pelo amor do Evangelho” – diz Júlia orgulhosa por a Paróquia onde nasceu e cresceu receber a visita do Papa.

“Owau, para mim é um grande orgulho poder dizer que o Papa virá à minha paróquia. Em toda esta grande cidade de Cotonou é a minha paróquia. Sinto-me honrada, estou muito contente e orgulhosa. E a todos os que querem ouvir, digo, é a minha paróquia. Sinto-me privilegiada”.

Um privilégio que se estende a todo o Benin, oásis de paz, num continente sedento de reconciliação e justiça e onde a Igreja tem um importante papel a desempenhar.

De Cotonou para a Rádio Vaticano, Dulce Araújo.








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