Obras para Olimpíadas desapropriam famílias no Rio
Rio de Janeiro (RV) - Famílias de dezenas de bairros de baixa renda na cidade
já perderam - ou estão sob risco de perder - suas casas à medida que as autoridades
constroem infra-estruturas para os Jogos Olímpicos de 2016.
Ao apelo de associações
de moradores e ativistas, uniram-se duas organizações de defesa dos direitos humanos,
Anistia Internacional e Witness, numa carta enviada ao Comitê Olímpico Internacional
no último dia 14 de novembro.
“Os organizadores das Olimpíadas deveriam usar
sua influência para pôr um fim a esta prática imediatamente, antes que seja tarde
demais. O Comitê Olímpico Internacional não pode ser conivente com abusos de direitos
humanos realizados em seu nome e deve condenar pública e inequivocamente todos os
despejos forçados”.
A Anistia Internacional denuncia expulsões forçadas sem
aviso prévio, em alguns bairros. Muitas casas e lojas foram demolidos sem que a população
tivesse sido informada. Consequentemente, muitas famílias perderam os seus meios de
subsistência e as crianças destas localidades ficaram sem escola.
“Forçar famílias
a abandonar as suas casas sem as avisar nem lhes apresentar outra solução de alojamento
vai contra os valores defendidos pelos Jogos Olímpicos e aos compromissos assumidos
pelo Brasil em matéria de direitos humanos” – afirma a carta.
“Compreendemos
que é necessário que as autoridades do Rio de Janeiro criem as infra-estruturas indispensáveis
para o sucesso e a segurança da Copa do Mundo de 2014 e para os Jogos Olímpicos de
2016, mas deve haver espírito de cooperação com as populações locais, para que seus
direitos sejam protegidos” - acrescentam.
Favelas e assentamentos informais
em torno da cidade já foram atingidos nos últimos 12 meses e mais comunidades estão
sob ameaça de remoções futuras.
Segundo Anistia Internacional, a situação ficou
tão grave no início deste ano que a Relatora Especial das Nações Unidas para o direito
à moradia adequada, Raquel Rolnik, interveio para exigir que o governo brasileiro
suspendesse as remoções planejadas até que um canal de diálogo e negociação pudesse
ser assegurado com as comunidade atingidas. (CM)