2011-11-12 14:46:36

Bento XVI sobre células-tronco embrionárias: nenhuma promessa de saúde vale a destruição de uma vida humana


Cidade do Vaticano (RV) - Quem faz pesquisa com células-tronco embrionárias, destruindo-as em nome do progresso da medicina, comete uma "grave violação do direito à vida de todo ser humano".

Foi a afirmação principal do discurso que Bento XVI dirigiu na manhã deste sábado recebendo em audiência na Sala Clementina, no Vaticano, os participantes da Conferência internacional centralizada no estudo das células-tronco adultas.

Ao invés – afirmou o Pontífice –, a utilização das células-tronco adultas não suscita problemas éticos e permite à ciência estar realmente a serviço do bem da humanidade.

Uma certa pesquisa científica não gostaria de ter barreiras éticas, em nome da promessa de melhor saúde que diz poder oferecer – promessa, certamente, de grande aceitação pública –, mas também em nome de notáveis ganhos privados que tal pesquisa promete.

A Igreja, que considera a vida um dom sagrado de Deus, sempre rejeitou essa mentalidade porque – ponderou o Pontífice – o progresso sem regras tem "custos humanos inaceitáveis".

A pesquisa com células-tronco embrionárias e a pesquisa com células-tronco adultas delineia de modo nítido essa diferença de visão, sobre a qual Bento XVI voltou a pronunciar-se.

Em primeiro lugar, o Santo Padre evidenciou a beleza da ciência enquanto capacidade do gênio humano de "explorar as maravilhas do universo, a complexidade da natureza e a beleza peculiar da vida, inclusive da vida humana". Todavia, objetou:

"A partir do momento em que os seres humanos são dotados de alma imortal e são criados à imagem e semelhança de Deus, existem dimensões da existência humana que se encontram além dos limites daquilo que as ciências naturais são competentes em determinar. Se tais limites são violados, há o sério risco de a dignidade única e inviolável da vida humana ser subordinada a considerações meramente utilitaristas."

"A mentalidade pragmática que muitas vezes influencia as decisões no mundo de hoje – observou Bento XVI – está por demais disposta a usar todos os meios disponíveis para alcançar o fim almejado, apesar da ampla prova das conseqüências desastrosas produzidas por tal pensamento."

Quando a finalidade é vista a ponto de não se ter nada mais "altamente desejável" como a descoberta de uma cura para as doenças degenerativas, isso representa uma tentação para os "cientistas e os responsáveis políticos a deixarem de lado as objeções éticas e a prosseguirem com toda e qualquer pesquisa que pareça oferecer a perspectiva de uma reviravolta":

"Aqueles que defendem a pesquisa com células-tronco embrionárias na esperança de alcançar tal resultado cometem o grave erro de negar o direito inalienável à vida de todo ser humano, desde o momento da concepção até a morte natural. Mesmo a destruição de uma só vida humana jamais pode ser justificada em termos do benefício que ela possa um dia oferecer a outro."

Por outro lado, a pesquisa com células-tronco adultas respeita os limites éticos e é imagem de uma ciência que "pode dar uma contribuição realmente notável para a promoção e a salvaguarda da dignidade do homem".

Por isso, mesmo os progressos nesse setor podem ser considerados "muito relevantes" porque a possibilidade de cura das doenças degenerativas crônicas não se dá em detrimento dos embriões humanos, mas – recordou – "utilizando tecidos de um organismo adulto, o sangue do cordão umbilical no momento do nascimento, ou tecidos de fetos mortos de morte natural".

"O melhoramento que tais terapias prometem constituiria um significativo passo adiante na ciência médica, levando nova esperança aos doentes e às suas famílias. Por esse motivo, a Igreja oferece naturalmente o seu encorajamento àqueles que estão empenhados em tal realização e defende a pesquisa desse tipo, sempre desde que efetuada no respeito pelo bem integral da pessoa humana e pelo bem comum da sociedade."

Disso deriva "que o diálogo entre ciência e ética é da máxima importância a fim de assegurar que os progressos da medicina jamais sejam obtidos a preço de custos humanos inaceitáveis" – ponderou Bento XVI. (RL)







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