Bento XVI aos voluntários católicos : seguir o exemplo de Cristo, não as ideologias,
e semear confiança em tempo de crise
(11/11/2011) Bento XVI recebeu esta sexta feira um grupo de voluntários de várias
organizações católicas, no final de uma iniciativa do Vaticano que visou assinalar
o Ano do Voluntariado promovido pela União Europeia. A organização do encontro,
que se iniciou esta quinta-feira, esteve a cargo do Conselho Pontifício ‘Cor Unum’
(CPCU), que convocou 160 pessoas de 25 países, entre bispos, delegados e representantes
de organizações católicas. No nosso tempo marcado por crises e incertezas, o empenho
dos voluntários católicos é um motivo de confiança porque mostra que a bondade existe
e cresce… afirmou o Papa no discurso aos voluntários católicos europeus, aos quais
manifestou a sua profunda gratidão pela sua missão de caridade no mundo. Depois sublinhou
que para os cristãos o trabalho de voluntários não é simplesmente uma expressão de
boa vontade. Está baseado numa experiencia pessoal de Cristo. Foi Ele o primeiro
a servir a humanidade dando livremente a sua vida pelo bem de todos. A experiencia
do amor generoso de Deus - acrescentou o papa – leva-nos a adoptar a mesma atitude
em relação aos nossos irmãos e irmãs. E isto, observou, , experimentamo-lo sobretudo
na Eucaristia. A sua graça, afirmou, eleva a nossa vocação a servir os outros sem
nenhuma recompensa. Somos portanto chamados a servir os outros com a mesma liberdade
e generosidade que caracteriza o próprio Deus. Assim fazendo tornamo-nos instrumentos
visíveis do seu amor num mundo que anela aquele amor no meio da pobreza, da solidão,
da marginalização e da ignorância que vemos no mundo á nossa volta. Certamente, reconheceu
o papa, o voluntariado católico não pode responder a todas as necessidades, mas este
facto não nos desencoraja.
Nem devemos deixar-nos seduzir por aquelas ideologias
que querem mudar o mundo com base numa visão puramente humana. Aquele pouco que conseguimos
fazer para levar alivio aos necessitados – salientou – pode ser visto como uma boa
semente que crescerá e dará muitos frutos. É, disse, um sinal da presença e do amor
de Cristo. Esta, foi o seu encorajamento, é a natureza do testemunho que vós, com
humildade e convicção, ofereceis á sociedade civil. Se – prosseguiu – é dever das
autoridades publicas reconhecer e apreciar este contributo sem o distorcer, o vosso
papel como cristãos consiste em participar activamente na vida da sociedade envidando
esforços para que ela se torne cada vez mais humana, marcada por uma autentica liberdade,
justiça e solidariedade. Hoje, foi a reflexão do Papa , o voluntariado, como serviço
de caridade, tornou-se um elemento da nossa cultura moderna, reconhecido universalmente.
Contudo as suas origens devem ser vistas na particular atenção cristã pela salvaguarda,
sem descriminações da dignidade da pessoa humana, criada á imagem e semelhança de
Deus.
Se estas raízes espirituais - foi a admoestação de Bento XVI – são negadas
ou obscurecidas e os critérios da nossa colaboração se tornam puramente utilitaristas,
então aquilo que mais distingue o nosso serviço corre o risco de se perder, em prejuízo
da sociedade no seu conjunto. Finalmente o Papa exortou os voluntários católicos
a não terem medo de imprimir uma mudança radical á própria vida, pois é na doação
aos outros que vivemos a vida na sua plenitude.