2011-11-02 13:11:03

No mundo atual, ainda se pode rezar?


Uberaba (RV) - As preocupações do homem moderno parece que se deslocaram. Seu comportamento é de quem assumiu com as próprias mãos o destino de seus dias. Os humanos não contam mais com auxílio externo para ter sucesso nos seus negócios. Os seus planos, a sua inteligência, e a sua capacidade de trabalho são a chave da vitória de seus empreendimentos. (A atual crise econômica mundial, no entanto, vem desmentir essas soberanas convicções).

O que acontece é que a grande motivação cristã da felicidade, na eternidade, foi puxada para baixo. As promessas de plenitude do nosso ser, aterrissaram. Tudo o que de belo a fé nos garantia, virou paraíso terrestre. O comunismo – que tinha alguns ideais muito interessantes - pecou por essa razão: seu olhar baixou para o horizonte exclusivo desta vida. Por isso, nos dias atuais, a população quer cuidar do corpo, porque pretende viver sempre; precisa estudar sem parar, para estar em condições de competir com qualquer contendor; o corpo deve ficar cada vez mais belo e perfeito; sente necessidade de se locupletar, para ter todo conforto possível; deve aprender a evitar conflitos desnecessários com o semelhante, pois a caminhada vai ser longa; a religião é proposta como garantia de prosperidade...neste mundo. Então, “comei, bebei, inebriai-vos” (Ct 5, 1). A oração toma contornos surreais. Não é mais atividade necessária.

No entanto, o vazio da vida, que teima em nos incomodar, só o deixamos de sentir, em comunicação com nosso Deus e amigo. “Por ti, ó Deus, suspira a minha alma ” (Sl 42, 1). Sem referência ao Eterno, somos pássaros de uma asa só. Jesus, o orante por excelência, nos mostrou que a atitude de busca pelo Pai, se deve expressar no louvor, na humilde adoração, na gratidão. “Oferecei a Deus sacrifícios de louvor” (Am 4, 5).

É certo que, nós como seus filhos, temos direito de pedir resultados para os nossos trabalhos. Mas Jesus selecionou – como forte sugestão – quais os pedidos, aos quais devemos dar preferência: que venha o Reino, que tenhamos o Espírito Santo, e que se faça a vontade do Pai Criador. Nada impede aos filhos, acrescentar outras petições. O importante é nos aproximar desse Ser Amoroso, de cuja amizade depende a nossa realização.

Dom Aloísio Roque Oppermann scj – Arcebispo de Uberaba, MG.








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