2011-11-01 14:15:18

Lideranças indígenas participam do 8º Encontro Nacional de Fé e Política


Embu das Artes (RV) – A sociedade do Bem-viver, tema central do 8º Encontro Nacional de Fé e Política, realizado na cidade de Embu das Artes (SP) nos dias 29 e 30 deste mês, é um conceito que visa resgatar a sabedoria ancestral dos povos indígenas como proposta de vida para construir uma nova ordem social e política.

A presença de lideranças indígenas no encontro contribuiu para o estudo do tema nas conferências e plenárias temáticas e nos momentos de espiritualidade e partilha. Mártires da causa indígena como Sepé Tiaraju, Marçal Guarani, Chicão Xucuru e Galdino foram recordados nas falas e nos banners levados ao palco durante as celebrações.

O líder Maurício Guarani veio da cidade de Viamão (RS) onde é membro da Comissão de Articulação dos Povos Guarani no Rio Grande do Sul e da Comissão Guarani Yvy Rupa - CGY, organização de lideranças Guarani de diversas aldeias de todo Sul e Sudeste do Brasil, para articular nacionalmente a luta desse povo pela recuperação de seu território tradicional.

"A nossa participação no Encontro de Fé e Política onde as discussões giram em torno da sociedade do Bem-Viver é muito importante", avaliou Maurício. "A nossa situação no Rio Grande do Sul é muito complicada. Há muitos anos a gente vem perdendo o nosso espaço as nossas terras. A nossa luta é para que de fato o Governo cumpra com o seu dever de demarcar as nossas terras. Não queremos todas as terras como dizem por aí, mas queremos o suficiente para que o nosso povo viva com dignidade", ressaltou.

Maurício explicou que só no estado do Rio Grande o Sul existem aproximadamente três mil Guaranis vivendo em 22 aldeias reconhecidas pela Fundação Nacional do Índio (FUNAI), mas muitas outras aldeias estão em processo de demarcação e regularização.

Estima-se que hoje vivam 50 mil Guaranis no Brasil, 350 mil na Bolívia, 53 mil no Paraguai e cinco mil na Argentina e outros tantos no Uruguai. Segundo historiadores, em 1492, no início da chegada dos europeus, os Guaranis somavam dois milhões.

Ao comentar sobre o Bem-Viver, Maurício destacou que "o tema é muito importante porque está inserido em todas as sociedades e todos os povos precisam fazer uma discussão mais aprofundada. Para nós indígenas isso não é diferente. O Bem-Viver para nós seria conseguir a demarcação das nossas terras para que os nossos povos vivam conforme sua cultura, seu jeito de ser indígena e as nossas famílias tenham um espaço maior para poder produzir. O povo Guarani também é um povo agricultor, sempre viveu da agricultura para sustentar suas famílias. Por isso, o Bem-Viver precisa partir da terra", concluiu. (MJ/CNBB)







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