Caso Asia Bibi: pedido silêncio aos meios de comunicação
Islamabad (RV) – “Faço um apelo aos meios de comunicação para que, de agora
em diante, façam silêncio sobre o caso de Asia Bibi. É necessário, não para esconder
a verdade ou calar os meios de informação, mas para poder agir realmente para a salvação
da mulher, longe dos holofotes e atenções dos grupos fundamentalistas. Faço apelo
à consciência e responsabilidade de todos”: é o apelo feito através da agência Fides,
por Paul Bhatti, irmão do ministro assassinado, Shabhaz Bhatti, e Conselheiro Especial
do Primeiro Ministro para os Assuntos das Minorias Religiosas.
“O caso de
Asia Bibi – explica Bhatti à Fides – é um caso trágico, mas não o único: existem centenas
de outras pessoas que sofrem por causa de abusos da lei sobre a blasfêmia. Como governo,
estamos convictos de que a lei deve ser emendada ou abolida, mas é preciso encontrar
o caminho e o momento justo”.
Na fase atual, existe uma retomada dos protestos
dos fundamentalistas islâmicos em favor de Mumtaz Qadri, assassino de Salman Taseer,
ex-governatore do Punjab, que defendeu Asia Bibi e pediu uma modificação da lei sobre
a blasfêmia. Qadri foi condenado à morte e agora está em andamento o processo de apelo
junto ao Supremo Tribunal de Islamabad. Bhatti afirma: “Que Mumtaz Qadri, um criminoso,
possa ser proclamado herói nacional pelos movimentos islâmicos extremistas é inaceitável,
por um elementar senso de justiça e humanidade, e não tanto por princípios de fé”.
No entanto, o juiz Pervez Ali Shah, que condenou à morte Qadri em primeira
instância, foi obrigado a deixar o país, por ameaças recebidas por grupos extremistas.
Segundo o Conselheiro, “para melhorar as condições das minorias religiosas no Paquistão,
é preciso trabalhar por uma mudança de mentalidade e de cultura nos país, trabalhando
em duas direções: a educação e o diálogo inter-religioso, para que se possam promover
valores comuns a todos como o respeito pela vida, a tolerância, a construção de uma
nação pacífica”.
“"Recentemente encontrei mais de 50 imames (chefes de oração
islâmica) e debatemos sobre alguns temas”, conta Bhatti à Fides. Também do exterior,
prossegue Bhatti, “encontrei representantes religiosos islâmicos da Turquia e Indonésia,
confrontando-me sobre méis e modalidades para reduzir a intolerância. É urgente uma
educação de nível universitário para todos os imames, para conter as escolas de pensamentos
fundamentalistas”. (SP)