Biblioteca Vaticana irá digitalizar livros com sistema da Nasa
Cidade do Vaticano (RV) - O acervo da Biblioteca Vaticana será digitalizado
para sua preservação e modernização com uma tecnologia realizada pela NASA, conforme
informa o jornal italiano “Il Corriere della Sera”. O Prefeito da Biblioteca Vaticana,
Padre Cesare Pasini, à frente da instituição desde 2007, explicou ao jornal que o
projeto de conservação “não tem precedentes no mundo por suas dimensões”.
Padre
Pasini explicou que o projeto se dá para evitar “a deterioração dos manuscritos devido
à prolongada consulta direta” dos peritos. A digitalização do patrimônio vaticano
será realizada por etapas e implicará o traslado das peças a serem conservadas a uma
zona especial com temperaturas adequadas no qual trabalharão entre 120 e 150 pessoas.
A agência EFE assinala que para realizar este projeto empregarão a tecnologia
Fits (Sistema de Transporte Flexível de Imagens), criada há 40 anos pela NASA para
conservar as imagens de suas missões espaciais, e “atualizada continuamente pela comunidade
científica internacional”.
Padre Pasini disse também ao jornal italiano que
a fase de testes sobre um padrão de 23 manuscritos aleatórios concluiu-se satisfatoriamente.
“Agora sabemos que todo o conjunto funciona: sabemos como fazer as fotos, capturar
os manuscritos, conservar os dados. Já temos um ponto de partida”, afirmou. O projeto
poderia durar dez anos, mas Padre Pasini conta poder “inserir na rede as primeiras
imagens durante o próximo ano”.
“Os manuscritos são um patrimônio da humanidade
que queremos fazê-los acessíveis a toda a humanidade, e que, ante a humanidade, temos
a responsabilidade de conservar”, assegurou. Os conteúdos da Biblioteca só podem ser
consultados por 250 especialistas, em câmaras subterrâneas de temperatura e umidade
controladas, devido à fragilidade de muitas das peças contidas na coleção, a mais
importante humanístico-renascentista do mundo.
A Biblioteca Vaticano contém
1,6 milhões de volumes impressos, 80.000 manuscritos, 74.000 documentos de arquivo,
100.000 incisões e 300.000 moedas e medalhas. Entre suas jóias se inclui o “Codex
Vaticanus”, o primeiro testemunho da Bíblia grega de que se tem notícias, o “papiro
Bodmer”, a transcrição mais antiga, datada entre o 175 e o 225 depois de Cristo, dos
Evangelhos de São Lucas e São João, e a “Geographia” de Ptolomeu. (SP)