China: pessoas condenadas a trabalho forçado por pedirem ressarcimento de suas propriedades
Pequim (RV) – Autoridades da província chinesa de Hunan condenaram 21 pessoas
ao trabalho forçado porque recorreram ao sistema judiciário para serem ressarcidas
de expropriações e da demolição de suas casas. O Comitê de Reeducação de Changsha
aplicou penas de 12 a 18 meses de reclusão em campos de trabalho forçado a 14 mulheres
e 11 homens.
Um grupo havia chegado em Pequim em agosto passado, com a intenção
de apresentar uma petição ao governo. Eles conseguiram apenas fazer uma manifestação
com cartazes na Praça Tiananmen, mas a polícia os prendeu sob a acusação de terem
“organizado um encontro para obstaculizar a ordem social”.
Entre esses 21
condenados, alguns lutam na justiça há mais de 12 anos para serem ressarcidos. O problema
se formou porque, para acompanhar o crescimento econômico do país, teve início uma
busca sem freios por terrenos onde empresas pudessem ser instaladas e grandes empreendimentos
residenciais pudessem ser construídos. Com frequência, pequenos agricultores e moradores
do campo vêm expulsos das suas terras, ou, com sorte, recebem uma pequena quantia,
muito inferior ao preço de mercado.
Nos últimos 50 anos, pelo menos 50 milhões
de camponeses perderam suas propriedades, passando a viver pelas ruas e periferias
das grandes cidades. E esse tornou-se fator de grande discórdia e graves tensões sociais
na china. O Presidente da Republica Popular da China, Hu Jintao, declarou, em agosto
passado, que as empresas imobiliárias deveriam parar de ocupar terras férteis para
construções e criticou os responsáveis locais quanto à requisição de terras. (ED)