Bento XVI proclama três novos santos: Guido Conforti, bispo fundador de um Instituto
Missionário; Luís Guanella, padre, "apóstolo da caridade"; e Bonifácia de Castro,
apóstola do trabalho manual, como em Nazaré
(23/10/2011) Três santos solenemente proclamados pelo Papa neste domingo, numa Eucaristia
na praça de São Pedro. Dois italianos e uma espanhola, que viveram entre o séc. XIX
e XX, dando origem a congregações religiosas: D. Guido Maria Conforti, bispo, que
fundou os Missionários Xaverianos; o popular padre Luigi Guanella, fundador dos Servos
da Caridade e das Filhas de Santa Maria da Providência; e Madre Bonifácia Rodriguez
de Castro, fundadora das Servas de São José.
Na homilia, comentando o Evangelho
em que Jesus recorda que o primeiro mandamento é amar a Deus com todo o coração e
todas as forças, Bento XVI observou que, de facto, “a principal exigência para cada
um de nós é que Deus esteja presente na nossa vida”. “Como diz a Escritura (Deus)
deve penetrar todos os extratos do nosso ser, preenchendo-os completamente: o coração
deve saber d’Ele, deixar-se tocar por Ele, e assim também a alma, as energias do nosso
querer e decidir , e ainda a inteligência e o pensamento. É um poder dizer, como são
Paulo: ‘não sou eu que vivo, é Cristo que vive em mim’.” “Declarando que o segundo
mandamento é semelhante ao primeiro, Jesus dá a entender que a caridade para com o
próximo é importante quanto o amor a Deus”. De facto, o sinal visível que o cristão
pode dar para testemunhar ao mundo o amor de Deus é o amor aos irmãos. Como aparece
então providencial o facto de que precisamente hoje a igreja indique a todos os seus
membros três novos Santos, que se deixaram transformar pela caridade divina e a ela
conformaram toda a sua existência. Em diversas situações e com diferentes carismas,
eles amaram o Senhor com todo o coração e ao próximo como a sai mesmos, tornando-se
modelo para todos os crentes”.
Evocando, um a um, o exemplo particular de
cada um dos três santos, o Papa começou por evocar o caso do bispo D. Guido Conforti,
que desde novo tomou a firme decisão de seguir a vontade de Deus, correspondendo em
tudo àquela “caritas Christi” que contemplava no Crucifixo: “Ele sentiu fortemente
a urgência de anunciar este amor a todos os que o não o haviam ainda recebido. O lema
‘Caritas Christi urget nos’ sintetiza o programa do Instituto Missionário a que deu
vida: uma família religiosa inteiramente ao serviço da evangelização, sob o patrocínio
do grande apóstolo do Oriente, São Francisco Xavier”.
Relativamente ao padre
Luigi Guanella, “um novo santo da caridade” (disse), o Papa sublinhou precisamente
o imenso amor que o levou a dedicar-se a todos os carenciados, como aqueles de que
falava a primeira leitura da missa: “O testemunho humano e espiritual de São Luigi
Guanella é para toda a Igreja um particular dom de graça. Durante a sua existência
terrena ele viveu com coragem e determinação o Evangelho da Caridade, o ‘grande mandamento’
que também hoje a Palavra de Deus nos recordou”. “Queremos hoje louvar e dar graças
ao Senhor porque em são Luís Guanella nos deu um profeta e um apóstolo da caridade.
No seu testemunho, tão denso de humanidade e de atenção aos últimos, reconhecemos
um sinal luminoso da presença e da ação benéfica de Deus”. Bento XVI fez votos de
que este “novo Santo da caridade” seja para todos “modelo de profunda e fecunda síntese
entre contemplação e ação”, tal como ele próprio a viveu. “É o amor de Cristo que
ilumina a vida de cada homem, revelando como no dom de si ao outro nada se perde,
mas se realiza plenamente a nossa verdadeira felicidade.”.
Finalmente, o exemplo
de Santa Bonifácia que soube valorizar a dignidade do trabalho manual, quotidiano,
com a humildade e simplicidade da vida de Nazaré. “A nova santa apresenta-se-nos
como um modelo acabado em que ressoa o trabalho de Deus, um eco que chama as suas
filhas, as Servas de São José, e também a todos nós, a acolher o seu testemunho com
a alegria do Espírito Santo, sem temer a contrariedade, difundindo em todas as partes
a Boa Notícia do Reino dos céus”.
No final da celebração, já passado o meio-dia,
antes da recitação das Ave-Marias, Bento XVI saudou os muitos peregrinos vindos a
Roma para participar nestas canonizações. Dirigindo-se às autoridades civis e religiosas
e aos fiéis provenientes da Itália, o Papa congratulou-se com mais dois extraordinários
exemplos de vida cristã hoje proclamados santos: “Mais uma vez a Itália ofereceu à
Igreja e ao mundo luminosos testemunhos do Evangelho. Demos por isso graças a Deus
e rezemos para que nesta nação a fé não cesse de renovar-se e de produzir bons frutos”.
Uma saudação também aos peregrinos de língua espanhola: “Que o exemplo e
intercessão destas preclaras figuras, preciosos dons para a Igreja, impulsionem todos
a renovarem o compromisso de viver de todo o coração a fé em Cristo, testemunhando-O
nos diferentes âmbitos da sociedade”.
A concluir, antes das Ave Marias, Bento
XVI confiou à intercessão de Nossa Senhora a Jornada de reflexão, diálogo e oração
pela justiça e paz no mundo, que terá lugar na próxima quinta-feira, dia 27, em Assis,
a 25 anos da que foi convocada por João Paulo II.