Divulgada Carta Apostólica do Papa para o Ano da Fé
Cidade do Vaticano (RV) – Foi publicada nesta segunda-feira a Carta Apostólica
de Bento XVI referente ao "Ano da Fé", anunciado neste domingo pelo Papa durante a
Celebração Eucarísitca na Basílica Vaticana. Dividida em quinze partes, a Carta apresenta
as intenções pessoais do Sumo Pontífice, sem a interferência de nenhuma fonte interna
ou externa.
Bento XVI começa falando da Porta da Fé, lugar onde acontece a
iniciação da comunhão com Deus, e que está aberta a todos. O Papa segue dizendo que
ao passar por esta porta, temos um compromisso para toda a vida. Tal compromisso é
iniciado com o Batismo, a partir do qual podemos chamar Deus de Pai, e termina com
a passagem da morte para a vida eterna, “fruto da ressurreição do Senhor Jesus que,
com o dom do Espírito Santo, quis envolver na sua glória todos os que acreditam Nele.
No final da primeira parte, o Papa fala sobre a Santíssima Trindade. “Professar a
fé na Trindade – Pai, Filho e Espírito Santo – equivale a crer num só Deus que é Amor”
A
segunda parte é dedicada à radicação da fé, tema que Bento XVI lembrou em sua homilia
de início de pontificado. “A Igreja no seu conjunto, e os Pastores nela, como Cristo
devem pôr-se a caminho para conduzir os homens fora do deserto, para lugares da vida,
da amizade com o Filho de Deus, para Aquele que dá a vida, a vida em plenitude”. Mensagem
que gerou dois destaques nesta parte da Carta Apostólica, que evidenciam a preocupação
do Papa com os caminhos da fé na atualidade.
Na sequência de sua Carta, Bento
XVI convida a todos a “beber na fonte” e tornar a ouvir a Palavra de Deus ao anunciar
o período pelo qual se estenderá do Ano da Fé. “Terá início a 11 de outubro de 2012,
no cinquentenário da abertura do Concílio Vaticano II, e terminará na Solenidade de
Nosso Senhor Jesus Cristo Rei do Universo, a 24 de novembro de 2013. Na referida data
de 11 de outubro de 2012, comemora-se também vinte anos da publicação do Catecismo
da Igreja Católica, texto promulgado pelo meu Predecessor, o Beato Papa João Paulo
II, com o objetivo de ilustrar a todos os fiéis a força e a beleza da fé. Esta obra,
verdadeiro fruto do Concílio Vaticano II, foi desejada pelo Sínodo Extraordinário
dos Bispos de 1985 como instrumento ao serviço da catequese e foi realizado com a
colaboração de todo o episcopado da Igreja Católica”, escreveu Bento XVI. Ainda nessa
parte, o Papa recorda que convocou uma Assembleia Extraordinária do Sínodo dos Bispos
para outubro de 2012, cujo tema será “A nova evangelização para a transmissão da fé
cristã”.
A Carta Apostólica ainda contempla a evolução da Igreja e que, para
isso, a linha mestra deve ser o Concílio Vaticano II. Sobre isso, Bento XVI repetiu
suas próprias palavras proferidas logo depois de ter sido eleito à Cátedra de Pedro.
“Se o lermos e recebermos guiados por uma justa hermenêutica, o Concílio pode ser
e tornar-se cada vez mais uma grande força para a renovação sempre necessária da Igreja”,
reiterou. Contudo, mais adiante-se lê-se que “a renovação da Igreja realiza-se também
por meio do testemunho prestado pela vida dos crentes: de fato, os cristãos são chamados
a fazer brilhar, com a sua própria vida no mundo, a Palavra de verdade que o Senhor
Jesus nos deixou”, destaca Bento XVI.
Assim, o Papa vê o Ano da Fé como um
convite para uma autêntica e renovada conversão ao Senhor, único Salvador do mundo.
Nesta parte da Carta, o Papa cita Santo Agostinho e sua contribuição em forma de escritos,
que ajudam o homem a viver o caminho que leva para a Porta da Fé. “Por conseguinte,
somente acreditando é que a fé cresce e se revigora; não há outra possibilidade de
adquirir certeza sobre a própria vida, senão abandonar-se progressivamente nas mãos
de um amor que se experimenta cada vez maior porque tem a sua origem em Deus”, completou
o Santo Padre.
Chegando à oitava parte, encontra-se a mensagem do Papa aos
Bispos, para que se unam ao Santo Padre, tornando fecundas e dignas as celebrações
do Ano da Fé. “Deverá intensificar-se a reflexão sobre a fé, para ajudar todos os
crentes em Cristo a tornarem mais consciente e revigorarem a sua adesão ao Evangelho,
sobretudo num momento de profunda mudança como este que a humanidade está a viver”.
Para os fiéis, o Santo Padre escreve que o Ano da Fé “será uma ocasião propícia também
para intensificar a celebração da fé na liturgia, particularmente na Eucaristia, que
é ‘a meta para a qual se encaminha a acção da Igreja e a fonte de onde emana toda
a sua força’”.
Nas partes seguintes, o Papa convida a percorrer um caminho
mais profundo para entender os desígnios da fé. “É precisamente nesta linha que o
Ano da Fé deverá exprimir um esforço generalizado em prol da redescoberta e do estudo
dos conteúdos fundamentais da fé, que têm no Catecismo da Igreja Católica a sua síntese
sistemática e orgânica”, discorre Bento XVI. Ainda sobre o Catecismo, Bento XVI lembra
que durante o Ano da Fé ele deve se tornar um instrumento de apoio da fé para a formação
para os cristãos. Nesse ponto, o Papa revelou que convidou “a Congregação para a Doutrina
da Fé a redigir, de comum acordo com os competentes Organismos da Santa Sé, uma Nota,
através da qual se ofereçam à Igreja e aos crentes algumas indicações para viver,
nos moldes mais eficazes e apropriados, este Ano da Fé ao serviço do crer e do evangelizar”.
A
parte final é dedicada a relembrar a história da fé e as personagens que mantiveram
o olhar fixo em Jesus Cristo “autor e consumador da fé” (Heb 12, 2): n’Ele encontra
plena realização todos os anseios do coração humano. Bento XVI segue citando exemplos
de Maria, dos Apóstolos, dos Mártires, dos Santos e dos homens que pela fé em Jesus
Cristo mantiveram seus corações unidos a Deus. Ainda sobre a fé, o Papa ao citar São
Paulo nos lembra que a fé sem caridade é estéril: “Agora permanecem estas três coisas:
a fé, a esperança e a caridade; mas a maior de todas é a caridade” (1 Cor 13, 13).
O
Papa finaliza a Carta Apostólica que proclama o Ano da Fé citando Nossa Senhora. “À
Mãe de Deus, proclamada ‘feliz porque acreditou’ (cf. Lc 1, 45), confiamos este tempo
de graça”. Assina o Santo Padre, em Roma, junto de São Pedro, no dia 11 de outubro
de 2011, sétimo ano de Pontificado. Abaixo o texto completo da Carta Apostólica
em língua portuguesa
Carta Apostólica sob forma de Motu Proprio
Porta
fidei
do Sumo Pontífice Bento XVI pela qual se proclama o Ano da
Fé
1. A PORTA DA FÉ (cf. Act 14, 27), que introduz na vida de comunhão
com Deus e permite a entrada na sua Igreja, está sempre aberta para nós. É possível
cruzar este limiar, quando a Palavra de Deus é anunciada e o coração se deixa plasmar
pela graça que transforma. Atravessar aquela porta implica embrenhar-se num caminho
que dura a vida inteira. Este caminho tem início com o Baptismo (cf. Rm 6, 4), pelo
qual podemos dirigir-nos a Deus com o nome de Pai, e está concluído com a passagem
através da morte para a vida eterna, fruto da ressurreição do Senhor Jesus, que, com
o dom do Espírito Santo, quis fazer participantes da sua própria glória quantos crêem
n’Ele (cf. Jo 17, 22). Professar a fé na Trindade – Pai, Filho e Espírito Santo –
equivale a crer num só Deus que é Amor (cf. 1 Jo 4, 8): o Pai, que na plenitude dos
tempos enviou seu Filho para a nossa salvação; Jesus Cristo, que redimiu o mundo no
mistério da sua morte e ressurreição; o Espírito Santo, que guia a Igreja através
dos séculos enquanto aguarda o regresso glorioso do Senhor.
2. Desde o princípio
do meu ministério como Sucessor de Pedro, lembrei a necessidade de redescobrir o caminho
da fé para fazer brilhar, com evidência sempre maior, a alegria e o renovado entusiasmo
do encontro com Cristo. Durante a homilia da Santa Missa no início do pontificado,
disse: «A Igreja no seu conjunto, e os Pastores nela, como Cristo devem pôr-se a caminho
para conduzir os homens fora do deserto, para lugares da vida, da amizade com o Filho
de Deus, para Aquele que dá a vida, a vida em plenitude» . Sucede não poucas vezes
que os cristãos sintam maior preocupação com as consequências sociais, culturais e
políticas da fé do que com a própria fé, considerando esta como um pressuposto óbvio
da sua vida diária. Ora um tal pressuposto não só deixou de existir, mas frequentemente
acaba até negado. Enquanto, no passado, era possível reconhecer um tecido cultural
unitário, amplamente compartilhado no seu apelo aos conteúdos da fé e aos valores
por ela inspirados, hoje parece que já não é assim em grandes sectores da sociedade
devido a uma profunda crise de fé que atingiu muitas pessoas.
3. Não podemos
aceitar que o sal se torne insípido e a luz fique escondida (cf. Mt 5, 13-16). Também
o homem contemporâneo pode sentir de novo a necessidade de ir como a samaritana ao
poço, para ouvir Jesus que convida a crer n’Ele e a beber na sua fonte, donde jorra
água viva (cf. Jo 4, 14). Devemos readquirir o gosto de nos alimentarmos da Palavra
de Deus, transmitida fielmente pela Igreja, e do Pão da vida, oferecidos como sustento
de quantos são seus discípulos (cf. Jo 6, 51). De facto, em nossos dias ressoa ainda,
com a mesma força, este ensinamento de Jesus: «Trabalhai, não pelo alimento que desaparece,
mas pelo alimento que perdura e dá a vida eterna» (Jo 6, 27). E a questão, então posta
por aqueles que O escutavam, é a mesma que colocamos nós também hoje: «Que havemos
nós de fazer para realizar as obras de Deus?» (Jo 6, 28). Conhecemos a resposta de
Jesus: «A obra de Deus é esta: crer n’Aquele que Ele enviou» (Jo 6, 29). Por isso,
crer em Jesus Cristo é o caminho para se poder chegar definitivamente à salvação.
4. À
luz de tudo isto, decidi proclamar um Ano da Fé. Este terá início a 11 de Outubro
de 2012, no cinquentenário da abertura do Concílio Vaticano II, e terminará na Solenidade
de Nosso Senhor Jesus Cristo Rei do Universo, a 24 de Novembro de 2013. Na referida
data de 11 de Outubro de 2012, completar-se-ão também vinte anos da publicação do
Catecismo da Igreja Católica, texto promulgado pelo meu Predecessor, o Beato Papa
João Paulo II, com o objectivo de ilustrar a todos os fiéis a força e a beleza da
fé. Esta obra, verdadeiro fruto do Concílio Vaticano II, foi desejada pelo Sínodo
Extraordinário dos Bispos de 1985 como instrumento ao serviço da catequese e foi
realizado com a colaboração de todo o episcopado da Igreja Católica. E uma Assembleia
Geral do Sínodo dos Bispos foi convocada por mim, precisamente para o mês de Outubro
de 2012, tendo por tema A nova evangelização para a transmissão da fé cristã. Será
uma ocasião propícia para introduzir o complexo eclesial inteiro num tempo de particular
reflexão e redescoberta da fé. Não é a primeira vez que a Igreja é chamada a celebrar
um Ano da Fé. O meu venerado Predecessor, o Servo de Deus Paulo VI, proclamou um semelhante,
em 1967, para comemorar o martírio dos apóstolos Pedro e Paulo no décimo nono centenário
do seu supremo testemunho. Idealizou-o como um momento solene, para que houvesse,
em toda a Igreja, «uma autêntica e sincera profissão da mesma fé»; quis ainda que
esta fosse confirmada de maneira «individual e colectiva, livre e consciente, interior
e exterior, humilde e franca». Pensava que a Igreja poderia assim retomar «exacta
consciência da sua fé para a reavivar, purificar, confirmar, confessar». As grandes
convulsões, que se verificaram naquele Ano, tornaram ainda mais evidente a necessidade
duma tal celebração. Esta terminou com a Profissão de Fé do Povo de Deus, para atestar
como os conteúdos essenciais, que há séculos constituem o património de todos os crentes,
necessitam de ser confirmados, compreendidos e aprofundados de maneira sempre nova
para se dar testemunho coerente deles em condições históricas diversas das do passado.
5. Sob
alguns aspectos, o meu venerado Predecessor viu este Ano como uma «consequência e
exigência pós-conciliar» , bem ciente das graves dificuldades daquele tempo sobretudo
no que se referia à profissão da verdadeira fé e da sua recta interpretação. Pareceu-me
que fazer coincidir o início do Ano da Fé com o cinquentenário da abertura do Concílio
Vaticano II poderia ser uma ocasião propícia para compreender que os textos deixados
em herança pelos Padres Conciliares, segundo as palavras do Beato João Paulo II, «não
perdem o seu valor nem a sua beleza. É necessário fazê-los ler de forma tal que possam
ser conhecidos e assimilados como textos qualificados e normativos do Magistério,
no âmbito da Tradição da Igreja. Sinto hoje ainda mais intensamente o dever de indicar
o Concílio como a grande graça de que beneficiou a Igreja no século XX: nele se encontra
uma bússola segura para nos orientar no caminho do século que começa». Quero aqui
repetir com veemência as palavras que disse a propósito do Concílio poucos meses depois
da minha eleição para Sucessor de Pedro: «Se o lermos e recebermos guiados por uma
justa hermenêutica, o Concílio pode ser e tornar-se cada vez mais uma grande força
para a renovação sempre necessária da Igreja».
6. A renovação da Igreja realiza-se
também através do testemunho prestado pela vida dos crentes: de facto, os cristãos
são chamados a fazer brilhar, com a sua própria vida no mundo, a Palavra de verdade
que o Senhor Jesus nos deixou. O próprio Concílio, na Constituição dogmática Lumen
gentium, afirma: «Enquanto Cristo “santo, inocente, imaculado” (Heb 7, 26), não conheceu
o pecado (cf. 2 Cor 5, 21), mas veio apenas expiar os pecados do povo (cf. Heb 2,
17), a Igreja, contendo pecadores no seu próprio seio, simultaneamente santa e sempre
necessitada de purificação, exercita continuamente a penitência e a renovação. A Igreja
“prossegue a sua peregrinação no meio das perseguições do mundo e das consolações
de Deus”, anunciando a cruz e a morte do Senhor até que Ele venha (cf. 1 Cor 11, 26).
Mas é robustecida pela força do Senhor ressuscitado, de modo a vencer, pela paciência
e pela caridade, as suas aflições e dificuldades tanto internas como externas, e a
revelar, velada mas fielmente, o seu mistério, até que por fim se manifeste em plena
luz».
Nesta perspectiva, o Ano da Fé é convite para uma autêntica e renovada
conversão ao Senhor, único Salvador do mundo. No mistério da sua morte e ressurreição,
Deus revelou plenamente o Amor que salva e chama os homens à conversão de vida por
meio da remissão dos pecados (cf. Act 5, 31). Para o apóstolo Paulo, este amor introduz
o homem numa vida nova: «Pelo Baptismo fomos sepultados com Ele na morte, para que,
tal como Cristo foi ressuscitado de entre os mortos pela glória do Pai, também nós
caminhemos numa vida nova» (Rm 6, 4). Em virtude da fé, esta vida nova plasma toda
a existência humana segundo a novidade radical da ressurreição. Na medida da sua livre
disponibilidade, os pensamentos e os afectos, a mentalidade e o comportamento do homem
vão sendo pouco a pouco purificados e transformados, ao longo de um itinerário jamais
completamente terminado nesta vida. A «fé, que actua pelo amor» (Gl 5, 6), torna-se
um novo critério de entendimento e de acção, que muda toda a vida do homem (cf. Rm
12, 2; Cl 3, 9-10; Ef 4, 20-29; 2 Cor 5, 17).
7. «Caritas Christi urget nos
– o amor de Cristo nos impele» (2 Cor 5, 14): é o amor de Cristo que enche os nossos
corações e nos impele a evangelizar. Hoje, como outrora, Ele envia-nos pelas estradas
do mundo para proclamar o seu Evangelho a todos os povos da terra (cf. Mt 28, 19).
Com o seu amor, Jesus Cristo atrai a Si os homens de cada geração: em todo o tempo,
Ele convoca a Igreja confiando-lhe o anúncio do Evangelho, com um mandato que é sempre
novo. Por isso, também hoje é necessário um empenho eclesial mais convicto a favor
duma nova evangelização, para descobrir de novo a alegria de crer e reencontrar o
entusiasmo de comunicar a fé. Na descoberta diária do seu amor, ganha força e vigor
o compromisso missionário dos crentes, que jamais pode faltar. Com efeito, a fé cresce
quando é vivida como experiência de um amor recebido e é comunicada como experiência
de graça e de alegria. A fé torna-nos fecundos, porque alarga o coração com a esperança
e permite oferecer um testemunho que é capaz de gerar: de facto, abre o coração e
a mente dos ouvintes para acolherem o convite do Senhor a aderir à sua Palavra a fim
de se tornarem seus discípulos. Os crentes – atesta Santo Agostinho – «fortificam-se
acreditando». O Santo Bispo de Hipona tinha boas razões para falar assim. Como sabemos,
a sua vida foi uma busca contínua da beleza da fé enquanto o seu coração não encontrou
descanso em Deus. Os seus numerosos escritos, onde se explica a importância de crer
e a verdade da fé, permaneceram até aos nossos dias como um património de riqueza
incomparável e consentem ainda a tantas pessoas à procura de Deus de encontrarem o
justo percurso para chegar à «porta da fé». Por conseguinte, só acreditando é
que a fé cresce e se revigora; não há outra possibilidade de adquirir certeza sobre
a própria vida, senão abandonar-se progressivamente nas mãos de um amor que se experimenta
cada vez maior porque tem a sua origem em Deus.
8. Nesta feliz ocorrência,
pretendo convidar os Irmãos Bispos de todo o mundo para que se unam ao Sucessor de
Pedro, no tempo de graça espiritual que o Senhor nos oferece, a fim de comemorar o
dom precioso da fé. Queremos celebrar este Ano de forma digna e fecunda. Deverá intensificar-se
a reflexão sobre a fé, para ajudar todos os crentes em Cristo a tornarem mais consciente
e revigorarem a sua adesão ao Evangelho, sobretudo num momento de profunda mudança
como este que a humanidade está a viver. Teremos oportunidade de confessar a fé no
Senhor Ressuscitado nas nossas catedrais e nas igrejas do mundo inteiro, nas nossas
casas e no meio das nossas famílias, para que cada um sinta fortemente a exigência
de conhecer melhor e de transmitir às gerações futuras a fé de sempre. Neste Ano,
tanto as comunidades religiosas como as comunidades paroquiais e todas as realidades
eclesiais, antigas e novas, encontrarão forma de fazer publicamente profissão do Credo.
9. Desejamos que este Ano suscite, em cada crente, o anseio de confessar a
fé plenamente e com renovada convicção, com confiança e esperança. Será uma ocasião
propícia também para intensificar a celebração da fé na liturgia, particularmente
na Eucaristia, que é «a meta para a qual se encaminha a acção da Igreja e a fonte
de onde emana toda a sua força». Simultaneamente esperamos que o testemunho de vida
dos crentes cresça na sua credibilidade. Descobrir novamente os conteúdos da fé professada,
celebrada, vivida e rezada e reflectir sobre o próprio acto com que se crê, é um
compromisso que cada crente deve assumir, sobretudo neste Ano. Não foi sem razão
que, nos primeiros séculos, os cristãos eram obrigados a aprender de memória o Credo.
É que este servia-lhes de oração diária, para não esquecerem o compromisso assumido
com o Baptismo. Recorda-o, com palavras densas de significado, Santo Agostinho quando
afirma numa homilia sobre a redditio symboli (a entrega do Credo): «O símbolo do santo
mistério, que recebestes todos juntos e que hoje proferistes um a um, reúne as palavras
sobre as quais está edificada com solidez a fé da Igreja, nossa Mãe, apoiada no alicerce
seguro que é Cristo Senhor. E vós recebeste-lo e proferiste-lo, mas deveis tê-lo sempre
presente na mente e no coração, deveis repeti-lo nos vossos leitos, pensar nele nas
praças e não o esquecer durante as refeições; e, mesmo quando o corpo dorme, o vosso
coração continue de vigília por ele».
10. Queria agora delinear um percurso
que ajude a compreender de maneira mais profunda os conteúdos da fé e, juntamente
com eles, também o acto pelo qual decidimos, com plena liberdade, entregar-nos totalmente
a Deus. De facto, existe uma unidade profunda entre o acto com que se crê e os conteúdos
a que damos o nosso assentimento. O apóstolo Paulo permite entrar dentro desta realidade
quando escreve: «Acredita-se com o coração e, com a boca, faz-se a profissão de fé»
(Rm 10, 10). O coração indica que o primeiro acto, pelo qual se chega à fé, é dom
de Deus e acção da graça que age e transforma a pessoa até ao mais íntimo dela mesma.
A este respeito é muito eloquente o exemplo de Lídia. Narra São Lucas que o apóstolo
Paulo, encontrando-se em Filipos, num sábado foi anunciar o Evangelho a algumas mulheres;
entre elas, estava Lídia. «O Senhor abriu-lhe o coração para aderir ao que Paulo dizia»
(Act 16, 14). O sentido contido na expressão é importante. São Lucas ensina que o
conhecimento dos conteúdos que se deve acreditar não é suficiente, se depois o coração
– autêntico sacrário da pessoa – não for aberto pela graça, que consente de ter olhos
para ver em profundidade e compreender que o que foi anunciado é a Palavra de Deus. Por
sua vez, o professar com a boca indica que a fé implica um testemunho e um compromisso
públicos. O cristão não pode jamais pensar que o crer seja um facto privado. A fé
é decidir estar com o Senhor, para viver com Ele. E este «estar com Ele» introduz
na compreensão das razões pelas quais se acredita. A fé, precisamente porque é um
acto da liberdade, exige também assumir a responsabilidade social daquilo que se acredita.
No dia de Pentecostes, a Igreja manifesta, com toda a clareza, esta dimensão pública
do crer e do anunciar sem temor a própria fé a toda a gente. É o dom do Espírito Santo
que prepara para a missão e fortalece o nosso testemunho, tornando-o franco e corajoso.
A própria profissão da fé é um acto simultaneamente pessoal e comunitário. De
facto, o primeiro sujeito da fé é a Igreja. É na fé da comunidade cristã que cada
um recebe o Baptismo, sinal eficaz da entrada no povo dos crentes para obter a salvação.
Como atesta o Catecismo da Igreja Católica, «“Eu creio”: é a fé da Igreja, professada
pessoalmente por cada crente, principalmente por ocasião do Baptismo. “Nós cremos”:
é a fé da Igreja, confessada pelos bispos reunidos em Concílio ou, de modo mais geral,
pela assembleia litúrgica dos crentes. “Eu creio”: é também a Igreja, nossa Mãe, que
responde a Deus pela sua fé e nos ensina a dizer: “Eu creio”, “Nós cremos”». Como
se pode notar, o conhecimento dos conteúdos de fé é essencial para se dar o próprio
assentimento, isto é, para aderir plenamente com a inteligência e a vontade a quanto
é proposto pela Igreja. O conhecimento da fé introduz na totalidade do mistério salvífico
revelado por Deus. Por isso, o assentimento prestado implica que, quando se acredita,
se aceita livremente todo o mistério da fé, porque o garante da sua verdade é o próprio
Deus, que Se revela e permite conhecer o seu mistério de amor. Por outro lado,
não podemos esquecer que, no nosso contexto cultural, há muitas pessoas que, embora
não reconhecendo em si mesmas o dom da fé, todavia vivem uma busca sincera do sentido
último e da verdade definitiva acerca da sua existência e do mundo. Esta busca é um
verdadeiro «preâmbulo» da fé, porque move as pessoas pela estrada que conduz ao mistério
de Deus. De facto, a própria razão do homem traz inscrita em si mesma a exigência
«daquilo que vale e permanece sempre». Esta exigência constitui um convite permanente,
inscrito indelevelmente no coração humano, para se pôr a caminho ao encontro d’Aquele
que não teríamos procurado se Ele não tivesse já vindo ao nosso encontro. É precisamente
a este encontro que nos convida e abre plenamente a fé.
11. Para chegar a um
conhecimento sistemático da fé, todos podem encontrar um subsídio precioso e indispensável
no Catecismo da Igreja Católica. Este constitui um dos frutos mais importantes do
Concílio Vaticano II. Na Constituição Apostólica Fidei depositum – não sem razão assinada
na passagem do trigésimo aniversário da abertura do Concílio Vaticano II – o Beato
João Paulo II escrevia: «Este catecismo dará um contributo muito importante à obra
de renovação de toda a vida eclesial (...). Declaro-o norma segura para o ensino da
fé e, por isso, instrumento válido e legítimo ao serviço da comunhão eclesial».
É precisamente nesta linha que o Ano da Fé deverá exprimir um esforço generalizado
em prol da redescoberta e do estudo dos conteúdos fundamentais da fé, que têm no Catecismo
da Igreja Católica a sua síntese sistemática e orgânica. Nele, de facto, sobressai
a riqueza de doutrina que a Igreja acolheu, guardou e ofereceu durante os seus dois
mil anos de história. Desde a Sagrada Escritura aos Padres da Igreja, desde os Mestres
de teologia aos Santos que atravessaram os séculos, o Catecismo oferece uma memória
permanente dos inúmeros modos em que a Igreja meditou sobre a fé e progrediu na doutrina
para dar certeza aos crentes na sua vida de fé. Na sua própria estrutura, o Catecismo
da Igreja Católica apresenta o desenvolvimento da fé até chegar aos grandes temas
da vida diária. Repassando as páginas, descobre-se que o que ali se apresenta não
é uma teoria, mas o encontro com uma Pessoa que vive na Igreja. Na verdade, a seguir
à profissão de fé, vem a explicação da vida sacramental, na qual Cristo está presente
e operante, continuando a construir a sua Igreja. Sem a liturgia e os sacramentos,
a profissão de fé não seria eficaz, porque faltaria a graça que sustenta o testemunho
dos cristãos. Na mesma linha, a doutrina do Catecismo sobre a vida moral adquire todo
o seu significado, se for colocada em relação com a fé, a liturgia e a oração.
12. Assim,
no Ano em questão, o Catecismo da Igreja Católica poderá ser um verdadeiro instrumento
de apoio da fé, sobretudo para quantos têm a peito a formação dos cristãos, tão determinante
no nosso contexto cultural. Com tal finalidade, convidei a Congregação para a Doutrina
da Fé a redigir, de comum acordo com os competentes Organismos da Santa Sé, uma Nota,
através da qual se ofereçam à Igreja e aos crentes algumas indicações para viver,
nos moldes mais eficazes e apropriados, este Ano da Fé ao serviço do crer e do evangelizar. De
facto, em nossos dias mais do que no passado, a fé vê-se sujeita a uma série de interrogativos,
que provêm duma diversa mentalidade que, particularmente hoje, reduz o âmbito das
certezas racionais ao das conquistas científicas e tecnológicas. Mas, a Igreja nunca
teve medo de mostrar que não é possível haver qualquer conflito entre fé e ciência
autêntica, porque ambas tendem, embora por caminhos diferentes, para a verdade.
13. Será
decisivo repassar, durante este Ano, a história da nossa fé, que faz ver o mistério
insondável da santidade entrelaçada com o pecado. Enquanto a primeira põe em evidência
a grande contribuição que homens e mulheres prestaram para o crescimento e o progresso
da comunidade com o testemunho da sua vida, o segundo deve provocar em todos uma sincera
e contínua obra de conversão para experimentar a misericórdia do Pai, que vem ao encontro
de todos. Ao longo deste tempo, manteremos o olhar fixo sobre Jesus Cristo, «autor
e consumador da fé» (Heb 12, 2): n’Ele encontra plena realização toda a ânsia e anélito
do coração humano. A alegria do amor, a resposta ao drama da tribulação e do sofrimento,
a força do perdão face à ofensa recebida e a vitória da vida sobre o vazio da morte,
tudo isto encontra plena realização no mistério da sua Encarnação, do seu fazer-Se
homem, do partilhar connosco a fragilidade humana para a transformar com a força da
sua ressurreição. N’Ele, morto e ressuscitado para a nossa salvação, encontram plena
luz os exemplos de fé que marcaram estes dois mil anos da nossa história de salvação. Pela
fé, Maria acolheu a palavra do Anjo e acreditou no anúncio de que seria Mãe de Deus
na obediência da sua dedicação (cf. Lc 1, 38). Ao visitar Isabel, elevou o seu cântico
de louvor ao Altíssimo pelas maravilhas que realizava em quantos a Ele se confiavam
(cf. Lc 1, 46-55). Com alegria e trepidação, deu à luz o seu Filho unigénito, mantendo
intacta a sua virgindade (cf. Lc 2, 6-7). Confiando em José, seu Esposo, levou Jesus
para o Egipto a fim de O salvar da perseguição de Herodes (cf. Mt 2, 13-15). Com a
mesma fé, seguiu o Senhor na sua pregação e permaneceu a seu lado mesmo no Gólgota
(cf. Jo 19, 25-27). Com fé, Maria saboreou os frutos da ressurreição de Jesus e, conservando
no coração a memória de tudo (cf. Lc 2, 19.51), transmitiu-a aos Doze reunidos com
Ela no Cenáculo para receberem o Espírito Santo (cf. Act 1, 14; 2, 1-4). Pela
fé, os Apóstolos deixaram tudo para seguir o Mestre (cf. Mc 10, 28). Acreditaram nas
palavras com que Ele anunciava o Reino de Deus presente e realizado na sua Pessoa
(cf. Lc 11, 20). Viveram em comunhão de vida com Jesus, que os instruía com a sua
doutrina, deixando-lhes uma nova regra de vida pela qual haveriam de ser reconhecidos
como seus discípulos depois da morte d’Ele (cf. Jo 13, 34-35). Pela fé, foram pelo
mundo inteiro, obedecendo ao mandato de levar o Evangelho a toda a criatura (cf. Mc
16, 15) e, sem temor algum, anunciaram a todos a alegria da ressurreição, de que foram
fiéis testemunhas. Pela fé, os discípulos formaram a primeira comunidade reunida
à volta do ensino dos Apóstolos, na oração, na celebração da Eucaristia, pondo em
comum aquilo que possuíam para acudir às necessidades dos irmãos (cf. Act 2, 42-47).
Pela fé, os mártires deram a sua vida para testemunhar a verdade do Evangelho
que os transformara, tornando-os capazes de chegar até ao dom maior do amor com o
perdão dos seus próprios perseguidores. Pela fé, homens e mulheres consagraram
a sua vida a Cristo, deixando tudo para viver em simplicidade evangélica a obediência,
a pobreza e a castidade, sinais concretos de quem aguarda o Senhor, que não tarda
a vir. Pela fé, muitos cristãos se fizeram promotores de uma acção em prol da justiça,
para tornar palpável a palavra do Senhor, que veio anunciar a libertação da opressão
e um ano de graça para todos (cf. Lc 4, 18-19). Pela fé, no decurso dos séculos,
homens e mulheres de todas as idades, cujo nome está escrito no Livro da vida (cf.
Ap 7, 9; 13, 8), confessaram a beleza de seguir o Senhor Jesus nos lugares onde eram
chamados a dar testemunho do seu ser cristão: na família, na profissão, na vida pública,
no exercício dos carismas e ministérios a que foram chamados. Pela fé, vivemos
também nós, reconhecendo o Senhor Jesus vivo e presente na nossa vida e na história.
14. O Ano da Fé será uma ocasião propícia também para intensificar o testemunho da
caridade. Recorda São Paulo: «Agora permanecem estas três coisas: a fé, a esperança
e a caridade; mas a maior de todas é a caridade» (1 Cor 13, 13). Com palavras ainda
mais incisivas – que não cessam de empenhar os cristãos –, afirmava o apóstolo Tiago:
«De que aproveita, irmãos, que alguém diga que tem fé, se não tiver obras de fé? Acaso
essa fé poderá salvá-lo? Se um irmão ou uma irmã estiverem nus e precisarem de alimento
quotidiano, e um de vós lhes disser: “Ide em paz, tratai de vos aquecer e de matar
a fome”, mas não lhes dais o que é necessário ao corpo, de que lhes aproveitará? Assim
também a fé: se ela não tiver obras, está completamente morta. Mais ainda! Poderá
alguém alegar sensatamente: “Tu tens a fé, e eu tenho as obras; mostra-me então a
tua fé sem obras, que eu, pelas minhas obras, te mostrarei a minha fé”» (Tg 2, 14-18).
A fé sem a caridade não dá fruto, e a caridade sem a fé seria um sentimento constantemente
à mercê da dúvida. Fé e caridade reclamam-se mutuamente, de tal modo que uma consente
à outra de realizar o seu caminho. De facto, não poucos cristãos dedicam amorosamente
a sua vida a quem vive sozinho, marginalizado ou excluído, considerando-o como o primeiro
a quem atender e o mais importante a socorrer, porque é precisamente nele que se espelha
o próprio rosto de Cristo. Em virtude da fé, podemos reconhecer naqueles que pedem
o nosso amor o rosto do Senhor ressuscitado. «Sempre que fizestes isto a um dos meus
irmãos mais pequeninos, a Mim mesmo o fizestes» (Mt 25, 40): estas palavras de Jesus
são uma advertência que não se deve esquecer e um convite perene a devolvermos aquele
amor com que Ele cuida de nós. É a fé que permite reconhecer Cristo, e é o seu próprio
amor que impele a socorrê-Lo sempre que Se faz próximo nosso no caminho da vida. Sustentados
pela fé, olhamos com esperança o nosso serviço no mundo, aguardando «novos céus e
uma nova terra, onde habite a justiça» (2 Ped 3, 13; cf. Ap 21, 1).
15. Já
no termo da sua vida, o apóstolo Paulo pede ao discípulo Timóteo que «procure a fé»
(cf. 2 Tm 2, 22) com a mesma constância de quando era novo (cf. 2 Tm 3, 15). Sintamos
este convite dirigido a cada um de nós, para que ninguém se torne indolente na fé.
Esta é companheira de vida, que permite perceber, com um olhar sempre novo, as maravilhas
que Deus realiza por nós. Solícita a identificar os sinais dos tempos no hoje da história,
a fé obriga cada um de nós a tornar-se sinal vivo da presença do Ressuscitado no mundo.
Aquilo de que o mundo tem hoje particular necessidade é o testemunho credível de quantos,
iluminados na mente e no coração pela Palavra do Senhor, são capazes de abrir o coração
e a mente de muitos outros ao desejo de Deus e da vida verdadeira, aquela que não
tem fim. Que «a Palavra do Senhor avance e seja glorificada» (2 Ts 3, 1)! Possa
este Ano da Fé tornar cada vez mais firme a relação com Cristo Senhor, dado que só
n’Ele temos a certeza para olhar o futuro e a garantia dum amor autêntico e duradouro.
As seguintes palavras do apóstolo Pedro lançam um último jorro de luz sobre a fé:
«É por isso que exultais de alegria, se bem que, por algum tempo, tenhais de andar
aflitos por diversas provações; deste modo, a qualidade genuína da vossa fé – muito
mais preciosa do que o ouro perecível, por certo também provado pelo fogo – será achada
digna de louvor, de glória e de honra, na altura da manifestação de Jesus Cristo.
Sem O terdes visto, vós O amais; sem O ver ainda, credes n’Ele e vos alegrais com
uma alegria indescritível e irradiante, alcançando assim a meta da vossa fé: a salvação
das almas» (1 Ped 1, 6-9). A vida dos cristãos conhece a experiência da alegria e
a do sofrimento. Quantos Santos viveram na solidão! Quantos crentes, mesmo em nossos
dias, provados pelo silêncio de Deus, cuja voz consoladora queriam ouvir! As provas
da vida, ao mesmo tempo que permitem compreender o mistério da Cruz e participar nos
sofrimentos de Cristo (cf. Cl 1, 24) , são prelúdio da alegria e da esperança a que
a fé conduz: «Quando sou fraco, então é que sou forte» (2 Cor 12, 10). Com firme certeza,
acreditamos que o Senhor Jesus derrotou o mal e a morte. Com esta confiança segura,
confiamo-nos a Ele: Ele, presente no meio de nós, vence o poder do maligno (cf. Lc
11, 20); e a Igreja, comunidade visível da sua misericórdia, permanece n’Ele como
sinal da reconciliação definitiva com o Pai. À Mãe de Deus, proclamada «feliz
porque acreditou» (cf. Lc 1, 45), confiamos este tempo de graça.
Dado em Roma,
junto de São Pedro, no dia 11 de Outubro do ano 2011, sétimo de Pontificado.