Cidade do Vaticano (RV) - No próximo dia 27 de outubro vamos viver mais um
momento histórico no seio da Igreja católica e do diálogo inter-religioso; um diálogo
que se transforma em silêncio e oração. O Papa Bento XVI, de trem, deixa o Vaticano
e vai até a cidade do pobrezinho de Assis para recordar os 25 anos do primeiro encontro
de oração convocado por João Paulo II. Um jubileu que certamente não poderia ser deixado
de lado. Celebra-se o jubileu de um evento que desde o início provocou alegrias, mas
também preocupações. De fato, já o primeiro encontro de 1986 recebeu críticas com
o temor de que o mesmo pudesse abrir o caminho para o indiferentismo e o relativismo
religioso. Temor que depois se dissipou porque o evento passou para a história como
um momento significativo no qual a oração e o silencio tiveram mais eco do que as
palavras contrastantes. A decisão de Bento XVI de ir a Assis para recordar aquele
primeiro encontro é uma consequência lógica da linha de ação que Josef Ratzinger sempre
teve, desde a sua eleição à Cátedra de Pedro, sobre as relações com as demais religiões,
ou seja, uma relação amigável e ao mesmo tempo – como referiu em um artigo no L’Osservatore
Romano, o seu diretor Giovanni Vian, “de insistência sobre a necessidade de assegurar
a todos a oportunidade de ser o que são”. Seguindo esse pensamento podemos afirmar
sem sombra de dúvida que o encontro de Assis é um evento simbólico do grande desejo
de diálogo “aberto e honesto” com outras culturas e religiões, que está no coração
do Papa. Bento XVI não se cansa de falar que devemos buscar a via da reconciliação
e aprender a viver respeitando cada um a identidade do outro. Por isso, o Santo Padre
cada vez mais reafirma a necessidade da defesa da liberdade religiosa, um imperativo
dentro da sociedade atual que vê em certos contextos culturais a negação dos direitos
das minorias. Certamente a oração em comum com outras confissões pode gerar qualquer
confusão e diluir as diferentes identidades. Mas tudo depende de como é concebido
e apresentado. Se agora Bento XVI celebra os 25 anos do primeiro encontro de Assis
certamente o faz porque tudo ao longo desse tempo ocorreu de maneira certa. Assis,
cidade da paz e da oração certamente irá ensinar mais uma vez aos céticos e temerosos
que é também um esplêndido sinal de esperança. Assis não é um afirmar uma igualdade
entre as religiões, mas sim uma expressão de um caminho e de uma busca pela paz. (Silvonei
José)