O delicado e importante papel dos Governadores Civis de Itália (e não só) em tempos
de tensão e dificuldades sociais sublinhado pelo Papa recebendo-os nesta sexta-feira
no Vaticano
(14/10/2011) Unir o “exercício da autoridade e profissionalismo, sobretudo nos momentos
de tensão e contrastes”: este o ideal apontado pelo Papa aos duzentos Governadores
Civis italianos, recebidos em audiência no Vaticano, no âmbito das celebrações dos
150 anos da unidade da Itália. Bento XVI começou por recordar os “inumeráveis
testemunhos da presença do cristianismo, que no decurso dos séculos fecundaram a cultura
italiana, suscitando uma civilização rica de valores universais”. “Por toda
a parte se podem observar as marcas que a fé cristã imprimiu nos hábitos do povo italiano,
dando vida a nobres e radicadas tradições religiosas e culturais, e a um património
artístico único no mundo”. “Portadora de uma mensagem de salvação válida
para o homem de todos os tempos – observou ainda o Papa – a Igreja católica encontra-se
bem radicada e ativa, de modo capilar, no território italiano”. “(A Igreja,
em Itália) É uma realidade viva e vivificante, como o fermento de que fala o Evangelho;
uma presença significativa, caracterizada pela proximidade das pessoas, para advertir
as suas necessidades profundas, na lógica da disponibilidade para o serviço”.
Muitas
são as exigências e expectativas. Mas precisamente quanto maiores são as necessidades,
tanto mais a presença da Igreja deve ser solícita e rica de frutos – observou ainda
Bento XVI, fundamentando assim a intervenção eclesial nos diversos setores da vida
social. “Respeitosa das legítimas autonomias e competências, a Comunidade
eclesial considera seu preciso mandato dirigir-se ao homem em todos os contextos:
na vida cultural, do trabalho, dos serviços, do tempo livre. Consciente que todos
dependemos de todos, a Igreja deseja construir, juntamente com os outros sujeitos
institucionais e as diversas realidades territoriais, uma firme plataforma de virtudes
morais, sobre as quais edificar uma convivência à medida de homem”. Uma
atividade em que a Igreja italiana sabe poder contar com os Governadores civis, que
desempenham funções de impulsionadores, promovendo a coesão social e a garantia dos
direitos civis: “A figura do Governador Civil é cada vez mais sentida pela
opinião pública como ponto de referência territorial para a solução dos problemas
sociais e como instância de mediação e de garantia dos serviços públicos essenciais”.
Bento
XVI dedicou a última parte desta sua alocução à figura de Santo Ambrósio, padroeiro
dos governadores civis, como ele próprio foi, em Milão, antes de ser chamado, improvisamente,
ao episcopado. “Um extraordinário exemplo de retidão, especialmente pelo seu lealismo
à lei e pela sua firmeza contra as injustiças e opressões”. Ambrósio “a todos ensina
os princípios da autêntica liberdade e do serviço”. Um perfeito modelo para a delicada
e exigente missão dos governadores civis: “O vosso delicado papel institucional
constitui como que uma defesa para as categorias mais débeis, missão ainda mais complexa
e difícil nas presentes circunstâncias de incerteza social e económica. Não vos desencorajeis
perante as dificuldades e incompreensões, mas estai sempre prontos a tratar as questões
que vos foram confiadas, com grande sentido do dever e com prudência, sem nunca renunciar
ao respeito pela verdade e à coragem na defesa dos bens supremos”.