Patriarca Twal: Papa quer justiça e paz para todos, não só para cristãos
Cidade do Vaticano (RV) - O Santo Padre recebeu em audiência na manhã desta
quinta-feira, no Vaticano, o Patriarca Latino de Jerusalém, Dom Fouad Twal, por ocasião
da reunião anual dos bispos da Conferência Episcopal dos Latinos nas Regiões Árabes
(Celra), em andamento em Roma. Ao término da audiência, o colega Alessandro Gisotti
entrevistou o Patriarca Twal, que se deteve sobre o encontro com o Papa e sobre a
"primavera árabe":
Dom Fouad Twal:- "Sou muito grato ao Santo Padre
pela atenção que tem pela Terra Santa e para com a questão da paz em todo o Oriente
Médio. Isso o vemos em todos os seus pronunciamentos: quer em favor da paz no Egito,
feito nestes dias; quer dirigido a todos nós. O Papa pensa em nós, pensa na paz para
todos! Não se pode ter uma paz somente para um povo: ou todos gozamos dessa paz ou,
infelizmente, se continuará neste ciclo de violência. O encontro desta quinta-feira
foi muito paterno: o Santo Padre tem o grande dom de escutar. Ouve os nossos gritos:
gritos para que haja mais justiça, mais paz, por uma vida normal. Recordamos seus
belíssimos discursos, durante sua visita à Terra Santa, dois anos atrás. O último
deles, especialmente, ficou no coração de todos, quando disse: "Como amigo dos israelenses,
como amigo dos palestinos, o que me dá pena é ver esses muros que separam os homens:
devemos começar a abatê-los com uma conversão interior"."
RV: A "primavera
árabe" criou muitas expectativas. Há agora, talvez, mais preocupação por parte dos
cristãos?
Dom Fouad Twal:- "Esses eventos, essa "primavera árabe"
é para mim como um semáforo, que antes estava sempre vermelho – ninguém podia atravessar
e ninguém podia abrir a boca – e agora está verde: todos partem, mas não sabemos onde
iremos parar. Ademais, há elementos externos que entram em jogo, talvez para estragar
essas nossas esperanças. Continuo sendo otimista e não tenho medo, porque nós cristãos
somos parte integrante do povo, no bem e no mal."
RV: Estamos na iminência
do encontro de Assis. Esse momento forte de diálogo inter-religioso pode ajudar também
as populações – e os cristãos em particular – da Terra Santa e do Norte da África?
Dom
Fouad Twal:- "É uma coisa boa e nós encorajamos esses encontros, porém, nós precisamos
viver plenamente a vida de cada dia. Queremos ter liberdade de movimento, liberdade
de consciência, liberdade de culto. Devemos pensar na vida do dia a dia!" É verdade,
sempre tivemos liberdade de culto. Aquilo que pedimos é liberdade de consciência,
que cada um segundo a sua consciência – quer se converta ao islã, quer se converta
ao cristianismo – se expresse com liberdade, uma liberdade interna diante de Deus
e da história. É disso que nós precisamos, mas de certo modo ainda estamos distantes
dessa liberdade." (RL)