Rio de Janeiro (RV*) - Quem não conhece o famoso verso de Tom Jobim: “Cristo
Redentor / braços abertos sobre a Guanabara...”? Amado e admirado em todo o mundo,
símbolo da fé do carioca e de sua hospitalidade, o monumento ao Cristo Redentor comemora
no dia 12 de outubro 80 anos. A data é festejada não só pelos cariocas, mas por todo
o Brasil, que recebe as bênçãos do Redentor que está sobre o morro do Corcovado.
"O
monumento é uma marca do Rio de Janeiro. Lembra um pouco aquilo que o brasileiro é:
aquele que segue a Jesus Cristo e acolhedor, como os braços abertos do monumento",
disse o Arcebispo do Rio, Dom Orani João Tempesta.
Construído com o dinheiro
doado pelos fiéis de paróquias de todo o Brasil, o Cristo Redentor testemunha a todo
o mundo a fé do maior país cristão e católico do planeta. Por isso, mais que um monumento
bonito, ele traz em si a força de um povo que não se cansa de lutar por um mundo melhor,
com mais justiça social para todos, onde reine a verdadeira paz. Uma paz que nasce
no coração do homem que tem uma experiência pessoal com Deus. O Cristo, príncipe da
paz, acolhe os anseios de todos os corações e leva ao Pai as orações de seus filhos.
Eleito
uma das sete Maravilhas do Mundo Moderno e declarado Patrimônio Histórico e Artístico
do Brasil, o Cristo Redentor foi transformado em Santuário em 12 de outubro de 2006.
Desde então, inúmeros peregrinos visitam o local, onde há celebração da Missa; oração
do Angelus; adoração ao Santíssimo Sacramento e evangelização animadas por jovens
da Comunidade Shalom; batizados e casamentos, realizados na capela dedicada a Nossa
Senhora Aparecida, construída na base do monumento.
Sua beleza e exuberância
chamam a atenção de todos os que chegam de avião na cidade. Compositores e escritores
já descreveram sua beleza em inúmeras obras musicais e literárias, sem falar nas fotos,
quadros e projetos gráficos que utilizaram a sua imagem nessas oito décadas de existência.
Neste
ano em que a Arquidiocese do Rio prepara o 11º Plano de Pastoral de Conjunto, com
o qual os fiéis são chamados à missionariedade, a anunciar e reanunciar Jesus Cristo,
a imagem no alto do morro do Corcovado, de braços abertos, conclama todos a proclamarem
e testemunharem o amor incondicional de Deus pelo homem.
Dom Orani lembra,
também nesse contexto, a Jornada Mundial da Juventude de 2013, que acontecerá no Rio
de Janeiro:
"Celebrar 80 anos do Cristo, quando nós iniciamos os trabalhos
da JMJ, é um grande dom e uma grande graça. Os jovens anunciam o Cristo na JMJ e aqui,
no Rio de Janeiro, eles poderão encontrar aquele que eles anunciam, pois sua imagem
é o marco da nossa cidade", disse ainda Dom Orani.
A história
Quem
nunca ouviu dizer que o Cristo Redentor, erguido no alto do Morro do Corcovado, no
Rio de Janeiro, foi um presente da França? Ou até mesmo que a obra teria vindo da
França para o Brasil de navio? Essas são algumas das histórias contadas por vários
anos e que acabaram se tornando conhecidas, mas que não retratam a verdade histórica
da construção do monumento.
Para esclarecer esses fatos, faz-se necessário
voltarmos no tempo, especificamente para o ano de 1921, quando surgiu a ideia da construção
do monumento ao Cristo Redentor para marcar a comemoração do 1º Centenário da Independência
do Brasil, que se daria no ano seguinte. O Círculo Católico se reuniu para discutir
o projeto e o local da edificação. O Corcovado foi escolhido entre mais dois candidatos:
o Pão de Açúcar e o Morro de Santo Antônio. Mais de 20 mil pessoas assinaram um documento
pedindo autorização ao presidente Epitácio Pessoa para a construção no local.
O
autor do projeto do Cristo foi o engenheiro Heitor da Silva Costa, que em 1923 firmou
contrato com a Comissão Organizadora do Cristo Redentor para construção da obra. Nesse
documento, ele cedeu os direitos autorais do projeto para a comissão organizadora
do monumento, sucedida pela Arquidiocese do Rio de Janeiro.
O projeto escolhido
mostrava Jesus segurando uma cruz na mão direita e o globo terrestre na esquerda.
Atendendo ao pedido do então Arcebispo Dom Sebastião Leme, o engenheiro buscou um
sentido mais religioso para a estátua e, com a colaboração do desenhista e pintor
brasileiro Carlos Oswald, a figura de Cristo passou a ter o aspecto da cruz, estendendo
os braços, como está hoje.
Para desenvolver o projeto já existente, Silva Costa
foi à França contratar o artista Paul Landowski para executar maquetes e esculpir
as mãos e a cabeça da estátua. Há registros históricos de que o estatuário francês
também cedeu seus direitos autorais ao órgão que hoje é a Arquidiocese do Rio, visto
que esta seria uma condição imposta pela Igreja.
Os recursos para a construção
foram obtidos através de uma campanha nacional para arrecadação de fundos para a obra.
As doações foram feitas por fieis às paróquias de todo o Brasil. Ou seja, ao contrário
do que alguns pensam, foi uma obra de brasileiros custeada por brasileiros.
A
execução dos braços foi a parte mais difícil porque não havia solo firme para apoiar
os andaimes. A base do pico do Corcovado era pequena, com cerca de 15 metros, o que
aumentou a dificuldade. O menor descuido poderia gerar um acidente fatal. A mais de
700 metros de altura, as condições de trabalho eram extremas e os operários expostos
a ventos fortes, temporais, raios, frio e calor intensos. No entanto, o monumento
foi inaugurado em 12 de outubro de 1931 e durante as obras nenhum acidente foi registrado.
(*Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro)
Ouça aqui a música criada
especialmente para os 80 anos do Cristo.