Rio de Janeiro (RV) - A cada ano, todo o Brasil Católico vive com intensa alegria
e solenidade o mês de outubro, quando celebramos a querida Padroeira Nossa Senhora
da Conceição Aparecida. Revestem-se de santo brilho as honras com que louvamos a Deus,
por intercessão da Senhora Aparecida e que nos irmanam como comunidade de fé e povo
brasileiro.
Neste ano, nos preparamos para esse grande momento através da novena
com o tema: “Maria, reflexo do Coração de Deus”. Foram momentos intensos de reflexão
e celebração, em que vivenciamos a verdade de que nossa devoção à Mãe deve nos conduzir
a Deus, porquanto Maria, a mulher do “sim” irrestrito, nos comunica, por meio de límpido
reflexo, o que de amoroso Deus realiza naqueles que se dispõem a propagar com a vida
a Sua palavra.
Numa cultura em que a figura paterna muitas vezes é apresentada
de forma distorcida, Maria, mãe de carinho e acolhida, é apresentada como reflexo
do coração de Deus, que é materno. São imagens com as quais podemos dizer grandes
verdades de nossa fé. É necessário dar novo brilho à nossa vida apostólica, reanimando-nos
nos caminhos do seguimento para nos tornarmos missionários desse amor maternal de
Deus, que o culto à Virgem Santíssima evoca.
Celebrar essa solenidade implica
tomar consciência da dupla gênese do culto mariano: de um lado, venerar Maria por
aquele papel maternal que exerceu na obra da salvação e com que Deus nos premiou,
isto é, através de sua intercessão constante; de outro, imitá-la no hoje da vida como
exemplo de discípula e missionária, comprometida com o Reino de Deus.
“Na
Virgem Maria, de fato, tudo é relativo a Cristo e dependente d'Ele: foi em vista d'Ele
que Deus Pai, desde toda a eternidade, a escolheu Mãe toda santa, e a plenificou com
dons do Espírito a ninguém mais concedidos. O culto a Maria contribui para aumentar
o culto devido ao mesmo Cristo, porque, segundo o sentir perene da Igreja, reforçado
autorizadamente nos nossos dias (LG 66), "é referido ao Senhor aquilo com que se procura
agradar a Serva; desse modo, redunda em prol do Filho aquilo mesmo que é devido à
Mãe... De tal sorte, transfere-se para o Rei aquela honra que, em humilde tributo,
se presta à Rainha", nos adverte o lúcido Papa Paulo VI na belíssima exortação Marialis
Cultus.
Celebrando Nossa Senhora Aparecida, tão cara ao nosso povo, que se
identifica com a origem de sua devoção, somos convidados a reafirmar nossa fé irrestrita
no aspecto salvífico da vida de Cristo. Maria não é um fim em si mesma, mas uma seta
luminosa a nos convidar para o caminho de Jesus. Celebrar Nossa Senhora é, na atenção
à palavra, dizer o mesmo “sim” que ela disse.
Um coração materno é coração
que acolhe a todos, indistintamente. Reconhecer em Maria um reflexo do coração materno
de Deus é reanimar a nossa caminhada pela confiança em Deus, onde está a nossa esperança.
“A Jesus por Maria”, ensinava uma bela jaculatória da nossa infância. Sejamos todos
propagadores desse amor de Deus que nos quer reunir todos no redil da verdade, onde
beberemos da fonte inesgotável de sua paz e serenidade – imperativo da verdadeira
felicidade.
Neste dia 12, abençoado pelos 80 anos do Cristo Redentor, queremos
pedir a Senhora Aparecida, junto de sua abençoada imagem que está no Santuário do
Cristo Redentor, que continue com a sua maternal intercessão, abençoando todos os
romeiros do Redentor assim como a cidade, o Estado do Rio de Janeiro e todo o povo
brasileiro. Neste dia “mil vezes bendito”, exclamemos todos, consagrando nosso
país, nosso poder público, nossas famílias e toda a Igreja à Virgem Mãe Aparecida,
como filhos humildes: Mãe Aparecida, olhai por todos nós!
† Orani
João Tempesta, O. Cist. Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro,
RJ