Roma, 11 out (RV) - “Sim” à justiça e à legalidade; “não” à pena de morte,
também para um assassino como Mumtaz Qadri, que assassinou o governador do Punjab
Salman Taseer e se tornou para os grupos radicais islâmicos “herói da blasfêmia”.
É quanto pedem os cristãos no Paquistão que, como referido à agência Fides por várias
fontes no Paquistão, iniciaram um debare público, nos jornais e sitos web, para reafirmar
que são contrários à pena capital para Qadri.
Enquanto os grupos integralistas
continuam a pedir a sua libertação elogiando-o “por ter matado um blasfemo”, os cristãos
sublinham o seu “não” à pena de morte. “Ninguém toque Caim”, é o princípio aplicado
pelos fiéis paquistaneses que, nesta circunstância, testemunham a defesa da vida e
a sua sacralidade, ainda que se trate da vida de um assassino réu confesso.
Os
cristãos pedem justiça e legalidade, apóiam a ação da magistratura, mas recordam que
“somente Deus que é o autor da vida, pode dá-la e tirá-la”. Em um colóquio com a agência
Fides, o Rev. Alvin Samuel, pastor protestante e jurista do “Center for Legal Aid,
Assistance and Settlement”, organização com sede em Londres e Lahore, que oferece
assistência legal aos cristãos paquistaneses explica: “Pedimos que a pena de morte
não seja aplicada nem mesmo a Qadri. Dizemos aos muçulmanos: vamos trabalhar juntos
pela legalidade no Paquistão. Esperamos que esta abordagem possa favorecer o diálogo
e trazer harmonia à sociedade. Qadri – explica o Rev. Samuel – tem o direito de apelação
e de buscar as vias legais, mas todos devem respeitar as decisões do Tribunal. Os
grupos extremistas, com a sua campanha, não estão ajudando o país. O caso Qadri está
ligado à condição das minorias e ao delicado problema da lei sobre a blasfêmia, cujos
abusos traz problemas para toda a nação. O governo deveria fazer mais para criar uma
atmosfera de diálogo e de respeito entre as diversas comunidades religiosas”.
Entre
1927 e 1986, recorda o Rev. Samuel, registram-se somente 7 casos de blasfêmia. De
1986 até hoje – quando foi modificado o Código Penal pelo ditador Zia Hul Aq – foram
registrados mais de 4 mil casos. Entre 1988 e 2005 as autoridades paquistanesas acusaram
oficialmente 647 pessoas de blasfêmia. Mais de 30 pessoas foram assassinadas por presumíveis
blasfêmias enquanto hoje Asia Bibi, uma mulher cristã, se encontra na prisão por causa
de uma injusta condenação à morte por blasfêmia. (SP)