EGITO: CONFRONTOS CAUSAM A MORTE DE PELO MENOS 21 PESSOAS
Cairo, 10 out (RV) - Pelo menos 19 pessoas morreram, nesse domingo, entre civis
e militares, e dezenas ficaram feridas em confrontos entre cristãos coptas e militares
no Cairo, informaram as fontes de segurança do Egito. As agências de notícias ainda
divergem sobre o número de vítimas fatais. A Associated Press e a Reuters divulgam
19 vítimas, enquanto a agência Efe afirma que são 21. As fontes explicaram que os
soldados mortos foram atingidos por tiros, e que ainda não se sabe a causa da morte
dos civis. A origem dos disparos não está clara, já que testemunhas coptas acusaram
os "baltaguiya" (pistoleiros) de atirarem nos manifestantes, versão contestada pela
imprensa estatal, que garante que os religiosos abriram fogo contra os militares.
Dezenas de feridos foram levados para diversos centros médicos, principalmente para
o Hospital Copta .
Segundo a Efe, civis armados com pedaços de madeira e facas
foram à praça Tahrir e ao edifício que abriga a emissora de rádio e televisão do governo,
onde começaram os confrontos entre o Exército e cristãos coptas, que protestavam devido
ao incêndio de uma igreja em Edfu, no sul do país. Os manifestantes pediam a demissão
do governador da província de Assuã, onde a igreja foi demolida, quando a violência
teve início. Veículos do Exército foram ao local para tentar conter os conflitos,
os mais graves no Egito desde a revolução que pôss fim ao regime de Hosni Mubarak,
em 11 de fevereiro.
O efeito do gás lacrimogêneo usado pelas forças de segurança
pôde ser sentido em grande parte do centro da capital egípcia, onde incessantemente
foram ouvidas sirenes de ambulâncias transportando feridos. Na praça Abdelmonem Riyad,
próxima ao local dos confrontos, grupos de cristãos gritaram expressões de ordem como
"com o espírito e o sangue nos sacrificamos pela cruz", e outros de muçulmanos cantaram
lemas como "Alá é grande", em um ambiente de grande tensão, informou a agência estatal
de notícias Mena.
As tensões sectárias entre a minoria cristã (cerca de 10%
da população) e os muçulmanos vêm crescendo desde a derrubada do antigo regime. Os
cristãos acusam o governo interino de não reprimir atos de violência contra eles.
(SP)