Em visita pastoral a Lamezia Terme, diocese da Calábria, sul da Itália, Bento XVI
encoraja os fiéis a testemunhar a fé e viver a caridade
Bento XVI deslocou-se neste domingo à Calábria, no sul da Itália, para uma visita
pastoral à diocese de Lamezia Terme, onde celebrou a Missa ao ar livre, numa antiga
zona industrial.
Comentando as leituras do dia, que falam do banquete que o
Senhor prepara para os seus convidados, Bento XVI sublinhou que “a intenção de Deus
é pôr termo à tristeza e à vergonha: Ele quer que todos os homens vivam felizes no
amor para com Ele e na comunhão recíproca. O seu projeto é eliminar para sempre a
morte, enxugar as lágrimas de todas as faces e fazer desaparecer a condição desonrosa
do seu povo”. Uma mensagem que “suscita profunda gratidão e esperança”. Mas,
perante esta generosidade de Deus, que nos oferece a sua amizade, os seus dons e a
alegria, nós não acolhemos as suas palavras e pomos em primeiro lugar as nossas preocupações
materiais, os nossos interesses. E Deus estende o seu convite a todos, mesmo aos mais
pobres, abandonados. A bondade do rei não tem confins, a todos é dada a possibilidade
de responder à sua chamada. Sobre o vestido nupcial de que fala o Evangelho, condição
para participar no banquete, Bento XVI referiu a interpretação de São Gregório Magno,
que considera tal requisito como o amor de Deus e dos outros, sem o qual não poderemos
participar ativa e dignamente na festa divina. “Todos nós somos chamados
a ser comensais do Senhor, a entrar com a fé no seu banquete, mas temos de revestir
e conservar o traje nupcial, a caridade, temos de viver um profundo amor a Deus e
ao próximo”.
Declarando, na segunda parte da homilia, ter vindo a
esta comunidade diocesana para (citamos) partilhar “alegrias e esperanças, esforços
e empenhos, ideais e aspirações”, no meio de todos os problemas existentes. “Sei que
também em Lamezia Terme, como em toda a Calábria, não faltam dificuldades, problemas
e preocupações” – afirmou o Papa que prosseguiu com uma referência ao caráter sísmico
desta região, “não só do ponto de vista geológico, mas também de um ponto de vista
estrutural, comportamental e social”… “uma terra onde o desemprego é preocupante,
onde uma criminalidade muitas vezes feroz dilacera o tecido social, uma terra onde
se tem sempre a impressão de viver sem situação de emergência”.
Reconhecendo
que, a esta situação de emergência, os calabreses têm “sabido responder com uma prontidão
e disponibilidade surpreendentes, com uma extraordinária capacidade de adaptação ao
desconforto”, o Papa dirigiu-lhes palavras de conforto e encorajamento:
“Estou
certo de que sabereis superar as dificuldades de hoje para preparar um futuro melhor.
Nunca cedais à tentação do pessimismo, permanecendo fechados sobre vós mesmos. Fazei
apelo aos recursos da vossa fé e das vossas capacidades humanas. Esforçai-vos por
crescer na capacidade de colaborar, de vos ocupardes do outro e de todos os aspetos
do bem público, conservai a veste nupcial do amor. Perseverai no testemunho dos valores
humanos e cristãos tão profundamente radicados na fé e na história deste território
e da sua população”.
A concluir, Bento XVI dirigiu-se especialmente
aos fiéis leigos, jovens e famílias, com um vigoroso encorajamento e convite:
“Não
tenhais medo de viver e testemunhar a fé nos vários âmbito da sociedade, nas múltiplas
situações da existência humana! Tendes todos os motivos para vos mostrardes fortes,
confiantes e corajosos, e isso graças à luz da fé e à força da caridade. E se encontrardes
a oposição do mundo, fazei vossas as palavras do Apóstolo: ‘Tudo posso naquele que
me dá força’.”
No final da celebração, antes da recitação do Angelus
dominical, Bento XVI recordou que Outubro é o mês do Rosário. Aludindo aos santuários
marianos existentes na região e à “viva piedade popular” dos calabreses, o Papa encorajou-os
a “praticá-la constantemente, à luz dos ensinamentos do Concílio Vaticano II, da Sé
Apostólica e dos Pastores” locais.
“Invoquemos a intercessão de Maria
também para os problemas sociais mais graves deste território e de toda a Calábria,
especialmente os problemas do trabalho, da juventude, da tutela das pessoas deficientes,
que exigem crescente atenção da parte de todos, especialmente das Instituições. Em
comunhão com os vossos bispos, exorto em particular vós, leigos, a dar o vosso contributo
de competência e de responsabilidade, para a construção do bem comum”.
Bento
XVI recordou ainda que esta tarde se deslocará à Serra São Bruno, para visitar a Cartuxa,
observando que"São Bruno veio para esta terra há nove séculos, e deixou
uma marca profunda com a força da sua fé". "A fé dos Santos
renova o mundo! Com a mesma fé, renovai também vós, hoje, a vossa amada Calábria!"