Na sequência do apelo do Papa, organismos católicos de ajuda humanitária anunciam
60 milhões de ajudas ao Corno de África e pedem maior mobilização mundial
Como referiu o próprio Bento XVI, quarta-feira passada, na audiência geral, no contexto
do apelo que lançou à comunidade internacional, realizou-se nestes dias no Vaticano
um encontro das organizações humanitárias da Igreja Católica, para fazer o ponto da
situação sobre a urgentíssima ajuda aos países do Corno de África (Somália, Etiópia,
Quénia e Djibuti). Na sequência dessa reunião, teve lugar sexta-feira uma conferência
de imprensa, em que o secretário geral da Caritas Internationalis, Michel Roy, anunciou
que as diversas organizações católicas assegurarão 60 milhões de euros em ajudas de
emergência, a esta zona do noroeste da África, para responder à fome e à seca que
ameaçam 13 milhões de pessoas, naquela que constitui a seca mais grave das últimas
décadas.
Pela primeira vez o Conselho Pontifício «Cor Unum» (organismo da
Santa Sé responsável pela coordenação da ação humanitária e solidária da Igreja) apelou
a uma recolha comum de fundos das principais organizações caritativas cristãs. As
prioridades da ajuda humanitária, neste momento, são a alimentação, em especial para
as crianças, a água potável, tendas e medicamentos. Os responsáveis católicos advertiram
que as ajudas da comunidade internacional “não são suficientes” e é de prever que
a situação piore, caso não chova em outubro.
O cardeal Robert Sarah, presidente
do Conselho Pontifício “Cor Unum”, afirmou que a Igreja “vai continuar a cumprir a
sua missão” e procura a “colaboração das outras comunidades cristãs para a resolução
do drama humano que está a ter lugar”. Nesse sentido, foi estabelecida uma parceria
com a Igreja Anglicana para ajudar “milhões de pessoas que vagueiam, na luta pela
sobrevivência, e que amanhã se tornarão refugiados, clandestinos, apátridas, gente
que não tem casa, trabalho, comunidade”. “Corremos o risco de perder uma geração inteira”,
alertou o prelado africano. O cardeal Sarah considerou que, após esta fase de
emergência, será necessário apostar na formação das novas gerações, deixando o apelo
de se construir “uma escola em cada aldeia”.
Presente na conferência de imprensa,
o administrador apostólico de Mogadíscio, Somália, D. Giorgio Bertin, que pediu uma
resposta “imediata” e “olhos abertos para o futuro” para evitar “aquilo que se pode
evitar”. O prelado alertou, em particular, para a situação na Somália, considerando
que “se as imagens mais dramáticas” chegam desse país isso se deve “não só à seca,
mas também porque falta uma autoridade, falta o Estado”. A concluir, o diretor
da sala de imprensa da Santa Sé, padre Lombardi, pediu aos jornalistas uma transmissão
da “real dimensão dos problemas”.
Recordamos que Bento XVI lançou quarta-feira
mais um apelo à comunidade internacional para que envie "ajudas concretas" aos milhões
de pessoas que passam fome na região do Corno de África.