HIZBUT TAHRIR: DOS HOMENS DE NEGÓCIOS ÀS MULHERES, UM MOVIMENTO PARA ‘ISLAMIZAR’ A
ÁSIA.
Jacarta, 04 out (RV) – O movimento islâmico Hizbut Tahrir já está presente
em muitas nações do mundo. E agora poderia conquistar mais espaço justamente onde
a al Qaeda falhou. A ideia de Bin Laden era transformá-la em um organismo supranacional
capaz de difundir uma visão radical do Islã e de unir os muçulmanos do mundo inteiro
em um bloco único – o Califado – regido pela xariá, a lei islâmica.
Para dar
força a este propósito, os líderes do grupo definiram um alvo até então à margem da
luta extremista: estudantes universitários, homens de negócios, profissionais liberais
e até mesmo mães de família. Uma rede fundamentalista de ‘colarinho branco’ e bem
distante da imagem do combatente analfabeto e pobre, que cresceu de acordo com os
ensinamentos do Alcorão em sua versão jihadista e fanática.
Presente em 45
países, atualmente o movimento Hizbut Tahrir se expande sobretudo na Ásia, difundindo
a visão radical da religião muçulmana da Malásia à China, voltado às classes média
e alta e às elites. Se o projeto de dar vida à “Umma” islâmica parece estar ainda
longe, hoje já enfraquece a luta dos governos no controle do extremismo e na promoção
de um sistema de governo democrático, como aparece em modo evidente na Indonésia.
Rochmat
Labibi, presidente do braço indonésio do grupo, revela que o plano nos próximos dez
anos é de “reforçar a falta de confiança do povo” naquilo que ele define como o regime
ou, na verdade, o governo de Jacarta. “É isso que estamos fazendo, convertendo as
pessoas da democracia, do laicismo e capitalismo para a ideologia islâmica”. No entanto,
o Hizbut Tahrir, cujo significado é “Partido da liberação” – cresce de maneira exponencial
também nos Estados Unidos, depois de ter operado às sombras desde seu surgimento nos
anos 90.
Banido em alguns países, o movimento é legal em muitas nações, entre
elas os EUA, a Inglaterra, a Austrália e a Indonésia. Em muitos casos opera nos limites
da legalidade e agora foca-se na expansão asiática: da Malásia ao Paquistão, alcançando
a China onde foi acusado de fomentar revoltas. O Hizbut Tahrir é ainda o grupo radical
islâmico mais difundido e perseguido na Ásia central.
Questionado sobre a situação
na China, Zhang Jiadong, da Universidade de Fudan, define o grupo como “o mais perigoso
entre as organizações terroristas” porque exerce uma maior influência “sobre o povo".
O
“Partido da liberação” conta com, ao menos, 20 mil seguidores na China e “mais que
ataques terroristas, alimenta rebeliões e movimentos nas praças”. Para o Departamento
de Estado dos EUA, ao contrário, poderia fornecer apoio “indireto” ao terrorismo,
mas “não existem provas” que teria organizado atentados. É mais provável que seus
líderes tenham perpretado ataques sob a orientação de outros grupos fundamentalistas.
Documentos publicados recentemente mostram que Khalid Shaikh Mohammed, mentor
dos ataques de 11 de setembro, teria reforçado os laços com o Hizbut Tahrir. Além
dele, o ex-chefe da al Qaeda no Iraque, Musab al-Zarqawi, teria entrado em contato
com o movimento, mas sobre isso, não existem provas concretas. (RB)