TENSÃO E PROTESTOS NO PAQUISTÃO APÓS ASSASSINO SER CONDENADO À MORTE
Cidade do Vaticano, 03 out (RV) – Manifestações violentas de grupos islâmicos
estão sendo registradas em todo o país depois que Mumtaz Qadri, assassino do governador
Salman Taseer, foi condenado à morte.
O governador lutou para defender Asia
Bibi, cristã condenada à morte injustamente por blasfêmia. Ele também defendeu a mudança
nos artigos do Código Penal que constituem a assim chamada “lei de blasfêmia”. Os
protestos, relatam fontes da agência Fides, deixam alarmados os cristãos do país e,
em particular, Asia Bibi.
Ontem, grupos radicais e partidos religiosos saíram
em marcha em Karachi, Lahore e Rawalpindi contra o governo e contra o juiz que condenou
Qadri, que é chamado de “heroi islâmico”, “verdadeiro guerreiro do Islã”. A “Aliança
para defender o Profeta” (Tahaffuz-e-Namoos-e-Risalat), constituída de uma rede de
grupos islâmicos extremistas, declarou que a condenação teve “motivos políticos” e
pediu a anulação imediata da sentença.
O líder muçulmano Tehreek Sarwat Ijaz
Qadri, ao estigmatizar a sentença, disse: “o tribunal não ouviu o Alcorão e a Suna.
Recorreremos à Alta Corte”. A rede considera Qadri “um homem cheio de luz, porque
matou quem defendia a revogação da ‘lei da blasfêmia’. Um verdadeiro muçulmano como
ele não poderia suportar sentir qualquer coisa contra o amado Profeta Maomé. A blasfema
cristã Asia Bibi terá o mesmo destino”.
Contudo, o juiz que emitiu a sentença,
Pervez Syed Ali Shah, agora corre perigo de vida e é escoltado pela polícia. Fontes
da agência Fides recordam que há muitos anos um juiz em Punjab, que tinha declarado
inocentes dois jovens cristãos acusados de blasfêmia, foi morto por um fanático. Padre
Francesco Saverio, sacerdote da diocese de Lahore, declarou: “mesmo se Tasseer tivesse
feito qualquer coisa contra a lei, deveria ter sido processado no tribunal e não assassinado
barbaramente. Ainda de acordo com a lei islâmica, teria direito a um processo, com
acusação e defesa”.
O Bispo anglicano Dom Alexander Maalik disse à Fides:
“sou contra a pena de morte: ninguém há o direito de matar um outro semelhante. Mas,
às vezes, é necessário tomar decisões audazes, para poder assegurar o estado de direito
e afirmar que ninguém está acima da lei”.
Haroon Barkat Masih, presidente
da “Masihi Foudation”, organização que defende Asia Bibi, explicou à Fides: “A nossa
Constituição nos garante liberdade de opinião. Se digo que a lei da blasfêmia é imoral
e deveria ser revogada, qualquer um poderia impunemente me matar? (RB)