CONSELHEIRO DE MAHMOUD ABBAS EM ROMA: "ESTAMOS GRATOS PELA POSIÇÃO DA SANTA SÉ"
Roma, 30 set (RV) – Nemer Hammad, conselheiro político do Presidente da Autoridade
Nacional Palestina, Mahmoud Abbas, teve um encontro com os jornalistas da imprensa
estrangeira na Itália, no qual expos os pontos de vista do seu Governo sobre o pedido
às Nações Unidas para que reconheça o território palestino como um Estado.
Sobre
o pronunciamento de apoio feito por Dom Dominique Mamberti, secretário para as Relações
com os Estados da Santa Sé, Hammad se disse grato.
"A Santa Sé tem, historicamente,
este grande respeito pelos valores religiosos, humanitários e respeito pela vida.
Eu não esqueço duas coisas: a primeira é uma frase de João Paulo II, repetida por
Mahmoud Abbas na Assembleia Geral da ONU: 'Precisamos de pontes e não de muros'. A
segunda a viagem de Bento XVI ao Oriente Médio. Ele viu o que significa viver nos
campos de refugiados, e que este sofrimento deve ter fim. Eu acredito nesta posição
da Santa Sé, a favor do direito do povo palestino ao estado soberano. A Santa Sé sabe
que na Palestina não há nenhuma diferença entre um palestino cristão ou um muçulmano".
Sobre
a proposta da Santa Sé a favor de um status internacional para Jerusalém como uma
proposta válida, o conselheiro palestino disse que "se este status valer para toda
Jerusalém, de leste a oeste, é possível discuti-lo. Mas isso não pode ser uma coisa
teórica, porque sejam os israelenses assim como os palestinos, ambos estão ligados
à cidade. Acreditamos que a melhor solução, a qual apresentamos à Santa Sé, seja aquela
de uma Jerusalém aberta, capital de dois Estados, porque em termos de paz é melhor
pensar no melhor. Por exemplo, o oeste palestino e o leste israelense. E os lugares
sagrados garantidos aos líderes espirituais, porque Jerusálem deve continuar uma cidade
santa para três religiões. Penso que a internacionalização seja muito difícil".
Hammad
considera ainda que as negociações com Israel devem ser baseadas nas fronteiras de
1947 ou de 1967. Sobre a primeira, Israel não está de acordo. "É preciso reconhecer
as fronteiras de 1967, porque para poder negociar é necessário o reconhecimento oficial
do nosso Estado sobre um território bem definido e conhecido. Isso não significa a
independência um dia depois. Será preciso negociar, existem os refugiados, a questão
da água, assentamentos".
O conselheiro palestino considerou que se se parte
daqui para o futuro poderão existir dois Estados, um judaico e outro palestino, no
entanto "daqui 20 anos nascerá uma situação diferente e deverá se pensar em um Estado
binacional".
Aos jornalistas da imprensa estrangeira na Itália, Hammad disse
ainda que "Israel precisa de segurança e nós de soberania". Lembrou que num recente
plano estadunidense de segurança a proposta era a presença internacional das forças
da OTAN dirigidas pelos EUA nas fronteiras, uso das forças da OTAN também comandadas
pelos EUA para treinar as forças de ordem palestinas, além de garantir que o Estado
palestino não possa haver grandes armas nem pactos militares com outros países.
Num
encontro com Condoleezza Rice, o território palestino ficou definido como a Faixa
de Gaza, a Cisjordânia junto com a parte leste de Jerusalém e o Mar Morto.
"Nós
e o governo de Israel aceitamos isso, mas Netanyahu não reconhece", finalizou. (RB)